A UFSCar Sorocaba, ao promover o primeiro encontro de movimentos sindicais e sociais, nos dias 1 e 2 de julho, deu provas da importância de uma universidade pública para a comunidade onde ela está instalada.
O evento foi um dos raros a proporcionar a integração de organizações sociais e dar voz a esses movimentos, sob mediação de professores universitários.
A universidade pública, instalada há apenas cinco anos em Sorocaba, ainda assumiu o compromisso de manter suas portas abertas para movimentos populares. Mais do que isso, a instituição se dispôs a realizar parcerias com sindicatos e ONGs e adotar medidas práticas para aprimorar as organizações sociais.
Além da TV universitária e da incubadora de cultura, destacadas em matéria nesta edição da Folha Metalúrgica (nº 639), muitas outras propostas começaram a ganhar corpo a partir do encontro, como a realização de uma pesquisa sobre o potencial de comunicação das organizações sindicais e sociais, a instalação de uma rádio universitária com programação comunitária, criação de um fórum permanente de debates sobre temas sociais e cursos de extensão universitária para aprimorar conhecimentos de dirigentes sindicais e militantes de ONGs.
Sem menosprezar o importante papel das universidades e faculdades particulares na formação de profissionais para o mercado de trabalho, a diferença de diretrizes e prioridades em relação a uma instituição pública é gritante.
A universidade pública pode se atrever a gerar conhecimento para setores populares da sociedade, realizar pesquisas para entender a comunidade à sua volta (inclusive a periferia), estudar as relações capital-trabalho (inclusive sob o ponto de vista do trabalhador) e estimular a preservação ambiental, muito além do marketing ecológico.
A universidade pública pode fazer isso por não ter receio de escandalizar seus patrocinadores ao se envolver com ideologias e anseios periféricos da comunidade.
Enquanto forma excelentes profissionais – e sem cobrar mensalidade – a universidade pública colabora com o desenvolvimento regional, não só econômico, mas também social, e integra-se à comunidade, de todas as classes sociais.
Cientes dessa diferença, os movimentos estudantis, sociais e sindicais da região durante décadas reivindicaram uma universidade pública em Sorocaba. Para que o sonho se concretizasse, cinco anos atrás, foi preciso o Brasil eleger um presidente operário, o Lula, que atendeu aos esforços do deputado estadual Hamilton Pereira e da então deputada federal Iara Bernardi.