O Sindicato dos Metalúrgicos de Sorocaba e Região (SMetal) participa das discussões do novo programa Rota 2030 – Mobilidade e Logística, que busca definir qual a inserção que a indústria brasileira deve ter em 2030. Esse programa substituirá o Inovar-Auto, que termina em dezembro deste ano.
A intenção da diretoria do Sindicato é buscar meios de intervir nesse processo para se pensar as reivindicações que possam contribuir para o desenvolvimento local e regional.
Na quinta-feira, dia 31, o presidente do SMetal, Leandro Soares e o economista da subseção do Dieese/SMetal, Fernando Lima, participaram, pela primeira vez, da reunião do Grupo de trabalho 1 “Reestruturação da cadeia de autopeças e apoio ao acesso ao mercado para as pequenas e médias empresas”, realizado no Ministério da Indústria e do Comércio Exterior (Mdic) em Brasília.
“Estamos acompanhando esse debate para que possamos transmitir aos trabalhadores as ações que estão sendo planejadas pelo governo, mas temos uma visão crítica sobre algumas intenções do Rota 2030, no que diz respeito à venda de empresas nacionais”, destaca Leandro.
A participação do Sindicato sobre assuntos voltados para o desenvolvimento industrial integra as deliberações de planejamento tanto da diretoria do SMetal quanto da Confederação Nacional dos Metalúrgicos (CNM/ CUT).
GT´s
No total, são seis grupos de trabalho, um espaço para a troca de ideias entre representantes do governo, das montadoras, autopeças, representantes das indústrias e entidades dos trabalhadores, que formularão propostas a serem enviadas ao Mdic para o Rota 2030.
Três entidades representam a classe trabalhadora. São elas: Sindicato dos Metalúrgicos de Sorocaba e Região (SMetal), Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, ambos da Central Única dos Trabalhadores (CUT) e Força Sindical.
Encaminhamentos
Da reunião do dia 31, do Grupo de Trabalho 1 (GT1) foram feitas três propostas:
1) Programa de capacitação e treinamento para as empresas dos chamados tiers 2, 3 e 4 (empresas de menor porte que atendem as grandes autopeças e sistemistas), baseado no case da Bosch.
Conforme explica Fernando Lima a proposta elaborada pelo Grupo é a de fortalecer a boa gestão no negócio, combater a ineficiência para atender de forma qualificada os pré-requisitos globais das montadoras.
Em relação ao pagamento desses investimentos de capacitação e treinamento, 50% seria pago pelo governo, 30% para quem está promovendo a capacitação (montadora e Tier 1) e 20% a própria empresa (Tier2 e Tier 3). Os cursos serão realizados por consultorias, por meio de edital governamental.
2) Programa de aproximação com o capital estrangeiro.
Seria a criação de um programa para identificar empresas estrangeiras que tenham interesse em comprar participações em empresas nacionais. Seria de responsabilidade das montadoras e das autopeças a sinalização das empresas externas sobre as oportunidades de negócios no Brasil.
Para isso, o governo federal criaria as condições para as vendas como proporcionar a visibilidade como ocorre no salão de Frankfurt, por exemplo.
3) A terceira proposta do GT1 são as fontes de financiamento para a efetivação da compra.
Mais sobre o Rota 2030
A Rota 2030 foi lançada em abril pelo ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Marcos Pereira, que afirma: “o atual ciclo da política automotiva, que finda em 31 de dezembro de 2017, teve um olhar muito mais para o mercado interno. Este é o momento de discutirmos as bases para uma abordagem ofensiva no mercado global e buscar a integração competitiva”.
Os caminhos a serem percorridos para uma integração competitiva da indústria automotiva instalada no Brasil no novo contexto global são o elemento central para a Rota 2030 – Mobilidade e Logística: Integração às cadeias globais de valor de forma competitiva. O pano de fundo para essa discussão é a convergência das inovações tecnológicas com as mudanças no comportamento dos usuários que estão transformando a maneira como as montadoras desenvolvem e constroem os veículos.
Investimento na Toyota
Como já foi divulgado pela mídia, a Toyota pode resgatar os planos de produzir o Prius no Brasil. A decisão está sujeita a aprovação do projeto Rota 2030 pelo governo. A iniciativa da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) aponta, entre outras propostas, a redução de impostos para as marcas que investirem em projetos de alta eficiência energética. Como o modelo é atualmente o carro mais econômico à venda no país, ele seria um forte candidato a ser beneficiado.
Um porta-voz ligado à fabricante afirmou que, diante do comprometimento do governo e da Anfavea, a produção nacional do híbrido Prius, descartada há algum tempo, volta a ser considerada.
Além das entidades representando os trabalhadores SMetal, SMABC, CNTM/Força, Dieese, estavam presentes, em Brasília, no GT1 representantes da Fiat/Anfavea, Honda/Anfavea, Toyota/Anfavea, Baterias Moura, Abimaq/Ferramentaria, Kia Motors /Abeifa (Associação de Importadores de veículos) e técnicos do Governo Federal;
As próximas reuniões ocorrerão a partir do dia 20 de setembro.