O suicídio é um fator social e não individual e, segundo a Organização Mundial da Saúde, 90% deles podem ser evitados. Por isso a importância da campanha Setembro Amarelo para a conscientização, prevenção e acesso à informação sobre o tema.
Na falta de políticas públicas e projetos mais amplos de prevenção ao suicídio e cuidados com a saúde emocional dos brasileiros, desde 2014, profissionais da área de saúde deram início à Campanha, que é realizada durante todo o mês de setembro.
Em palestra para os funcionários e diretores do Sindicato dos Metalúrgicos dos Sorocaba e Região (SMetal), realizada na última terça-feira, dia 15, a psicóloga e psicoterapeuta Caroline Holanda falou sobre a importância do tema e em como diminuir os fatores de risco que podem levar ao suicídio.
Os principais fatores de risco são: tentativa prévia; doenças mentais (depressão, bipolaridade, esquizofrenia, entre outros); idade (atualmente jovens de 14 a 29 anos são os que mais cometem suicídio) e gênero (homens morrem por suicídio três vezes mais que as mulheres, porém, mulheres tentam mais que os homens).
A psicóloga conta que o Brasil é um dos países mais depressivos do mundo e 96% dos casos de suicídio são por transtornos mentais, que tem tratamento. “Por isso é importante conversar com amigos e familiares, explicar que é uma doença como qualquer outra e convencer essa pessoa a procurar ajuda de um profissional. Procurar fazê-la entender que ela está sendo levada a pensamentos suicidas, destrutivos ou negativos e que esse não é o seu normal”, explica.
A porta de entrada na busca de ajuda pelo sistema público de saúde para pessoas com pensamentos suicidas ou transtornos psicológicos são os Caps – Centro de Atenção Psicossocial. Em Sorocaba, existem 8 deles, com uma equipe multidisciplinar (psicólogo, psiquiatra, nutricionista, entre outros) preparada para esse tipo de ocorrência.
“Mas caso a pessoa esteja em uma crise muito grande de sofrimento, muita angústia, e não tenha como ir ao Caps, ela pode procurar também a UPA ou UBS da cidade. São dois centros de apoio para pessoas que estão com pensamento suicida ou até mesmo tentando efetivamente o suicídio”, explica.
O CVV – Centro de Valorização da Vida – é um outro canal de extrema importância. Eles possuem todo um preparo para atender esses casos. O serviço funciona 24h, todos os dias da semana, e atende pelo número 188.
Pandemia da Covid-19
Em 2020, os brasileiros estão passando pela maior crise sanitária e econômica vista nas últimas décadas, causada pela pandemia da Covid-19. Esse cenário também traz reflexos na saúde mental da população.
De acordo com Caroline Holanda, a procura pelo atendimento psicológico aumentou muito nos últimos meses. “As pessoas começaram a entrar em um constante sofrimento, se vendo sem saída, sem expectativa, e passaram a refletir mais sobre a morte. Nós, enquanto serem humanos, queremos sempre estar no controle das coisas e a pandemia tirou isso, fez com que percebêssemos que não temos controle sobre o que acontece lá fora”, afirma.
Ela reforça a importância em identificar pessoas próximas que possam estar sofrendo algum tipo de doença psicológica e conversar para apoiá-las. “É extremamente importante acolher o outro, permitir que a pessoa possa falar, sentir as dores, sem julgar ou ofender, não fazer piadinha sobre problemas psicológicos, como infelizmente ainda acontece”.
Ela lembra que as pessoas nesses momentos difíceis tendem a se isolar e, muitas vezes, cometem atitudes suicidas ou autodestrutivas por conta da vergonha de mostrar sua dor para o outro, além da falta de apoio. “Às vezes o simples faz a diferença, estar do lado dela, apoiar, mostrar que você se importa com ela”, enfatiza.
O que fazer em momentos de sofrimento
Buscar hábitos saudáveis, que promovam o bem estar pessoal, pode ajudar quando a pessoa se encontra com problemas voltados mais para questões emocionais, como preocupações, estresse ou leve ansiedade.
Praticar exercícios, cuidar da qualidade do sono, buscar uma alimentação saudável ou qualquer outro tipo de atividade prazerosa para a pessoa pode funcionar como uma maneira de prevenir que essa situação se agrave. Segundo Caroline, o principal é entender como cada indivíduo funciona e levar em consideração o seu perfil para buscar um tratamento.
Mas a psicóloga alerta: “Se uma pessoa está num grau de sofrimento muito forte, ela já está numa crise de ansiedade ou uma depressão bastante profunda, eu não posso falar para a pessoa praticar uma atividade física, por exemplo. Ela não vai ter nem condições para isso. Então é importante que ela procure um profissional para indicar um tratamento correto para sair dessa crise”.
Saiba onde buscar ajuda profissional:
– Buscar tratamentos psiquiátricos e psicólogos;
– CVV (Centro de Valorização da Vida) – Ligue no 188;
– Centro de Atenção Psicossocial:
CAPS AD III – Saca só
Avenida Riusaku Kanizawa, 795 – Lopes de Oliveira
(15) 3232-4011
CAPS AD III – Roda Viva
Rua Padre José de Anchieta, 295 – Centro
(15) 3233-5628
CAPS III – Arte do Encontro
Rua Atanázio Soares, 644 – Vila Fiori
(15) 3327-1915
CAPS III – Alegria de Viver
Rua Finlândia, 46 – Jardim Europa
(15) 3211-1797 / 3211-1367
CAPS III – Viver em Liberdade
Rua Bayard Nobrega de Almeida, 49 – Jd. Prestes de Barros
(15) 3232-4011
CAPS IJ – Ser e conviver
Rua Luiza de Carvalho, 108 – Jardim Pagliato
(15) 3229-8090
CAPS IJ – Aquarela
Avenida Itavuvu, 3633 – Jardim Santa Cecília
(15) 3226-1534
CAPS IJ – Bem Querer
Rua Doraci de Barros, 50 – Jardim Gonçalves
(15) 3237-4363 / (15) 3033-0772