Metalúrgicos dos três turnos da Schaeffler, em Sorocaba, participaram nesta segunda-feira, dia 14, de uma assembleia em frente à fábrica para protestar contra a tentativa da empresa de trocar o pagamento de uma gratificação aos funcionários, prevista para este mês, por um abono no mesmo valor. O problema da troca é que o abono teria incidência de imposto de renda, enquanto a gratificação é isenta do imposto.
“Caso a empresa não reverta essa decisão, os trabalhadores podem parar a produção a partir do dia 30, que é a data de pagamento do pessoal, quando não queremos ver descontos indevidos do imposto de renda”, avisa Valdeci Henrique, diretor do SMetal, membro do Comitê Sindical de Empresa (CSE) na Schaeffler e também diretor da FEM/CUT.
A gratificação, paga no dia 8 deste mês, é de R$ 1.841 por trabalhador, e está prevista em acordo firmado entre o Sindicato dos Metalúrgicos e a empresa em 2013. O problema é que, se a empresa mantiver a decisão atual, os funcionários terão debitados impostos adicionais no holerite do final do mês, pois a remuneração extra será somada aos salários e demais rendimentos sobre os quais incidem IR.
Valdeci explica que, em 2014, a Schaeffler já tentou trocar a gratificação por abono mas, após pressão dos funcionários, voltou atrás na decisão.
O mesmo acordo que garantiu a gratificação, assinado em 2013 e válido por três anos, garante também reposição das perdas com a inflação (9,88% este ano) e 2% de aumento real nos salários. “A empresa quis rediscutir esse acordo, diminuir o reajuste; e o Sindicato não aceitou.
Exigiu o cumprimento do que foi combinado. Por isso agora a Schaeffler tenta jogar os trabalhadores contra o Sindicato, por meio da cobrança do imposto de renda”, critica Valdeci.
De acordo com o dirigente, a alegação da empresa para tentar rediscutir o acordo foi a crise. Mas Valdeci afirma que a empresa teve crescimento “gigantesco dos lucros” nos últimos anos. “Portanto, o argumento de crise não justifica voltar atrás no acordo”, defende.
Vale-compra
Valdeci também explica que os trabalhadores há tempos vêm reivindicando a transformação da cesta física em vale-compra, “mas quando a pauta é favorável ao trabalhador, a empresa emperra a discussão”, afirma.
Para o sindicalista, “já passou da hora da Schaeffler ceder o vale-compras. Além de não avançar nesse tema, a empresa ainda tentou reduzir o reajuste combinado e quer fazer o trabalhador pagar mais imposto de renda do que deveria. Por isso estão todos revoltados na fábrica”, explica.
O Departamento Jurídico do SMetal está em contato com os advogados da Schaeffler para reverter a transformação da gratificação em abono. “Além disso, a diretoria do SMetal e o CSE também estão abertos ao diálogo. Queremos resolver de forma negociada, sem confronto. Mas se a Schaeffler insistir no abono, a produção vai parar”, alerta Valdeci.