Pelo menos 40 mil trabalhadores do comércio e da indústria de Sorocaba e região tiveram o reajuste salarial garantido nos últimos dias. Em média, tanto os comerciários quanto os metalúrgicos receberam reposição de 8,5%, o que representa a inflação de 6,35% do período, medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), e mais de 2% de aumento real. Segundo o Sindicato dos Metalúrgicos de Sorocaba e Região (SMetal), outros 25 mil trabalhadores ainda aguardam um posicionamento do setor patronal na região. Já os comerciários da região, conseguiram a reposição sem entraves.
Conforme o SMetal, entre as 125 empresas que já fecharam o acordo, a maioria dos reajustes é de 8,48%. O índice representa 2% de aumento real nos salários. Em algumas fábricas, porém, o reajuste chega a 10%, o que significa um avanço de 3,4% acima da inflação. “A negociação está sendo bem sucedida. Os acordos deste ano estão superiores ao do ano passado”, avalia o vice-presidente do SMetal, Tiago Almeida do Nascimento.
Segundo ele, a data-base da categoria é em 1º de setembro, mas a negociação entre o sindicato estadual dos trabalhadores e do patronal segue emperrada. “Este ano está sendo uma campanha atípica, porque sempre negociamos pela federação, um acordo único com todos os trabalhadores e sindicatos filiados à CUT (Central Única do Trabalhador)”, afirma.
Contudo, mesmo no caso local, as negociações ainda estão em curso. O problema, acredita o vice-presidente do Smetal, é que algumas empresas adotam o discurso de que a instabilidade econômica pela qual passa o País impede que o reajuste seja acima da inflação. “Algumas empresas, a gente sabe que não poderão passar. Mas o setor de autopeças, que enfrenta dificuldades, é o que vêm dando os melhores reajustes.”
Nascimento vê com estranheza a atitude do empresariado de cortar recursos e afirma que os trabalhadores sabem fazer esta avaliação e estão organizados em prol do reajuste. “Eles conseguem identificar o que é a crise econômica e o que é projetado pelo setor patronal para diminuir custos”, ressalta o vice-presidente.
Para efetivar o reajuste salarial aos 25 mil trabalhadores que ainda não receberam o reajuste, de acordo com o SMetal, estão sendo feitas assembleias de negociação para forçar a empresa a abrir negociações. O sindicato informa que as fábricas ainda podem tomar a iniciativa de procurar o Smetal para firmar acordos. “Aquelas que se omitirem, vão enfrentar protestos e paralisações”, avisa o presidente da entidade, Ademilson Terto da Silva.
De acordo com ele, a Federação Estadual dos Metalúrgicos (FEM) permanece liderando as negociações estaduais da categoria. Caso o reajuste obtido em nível estadual seja superior ao aplicado nas fábricas de Sorocaba e região, deverá valer o índice maior mais vantajoso para o trabalhador, conclui.
Comerciários
As negociações entre os setores empregatício e patronal do comércio, diferentemente do metalúrgico, conseguiu o reajuste antes mesmo do vencimento da data-base da categoria, comemora o presidente do Sindicato dos Comerciários de Sorocaba e Região (Sincomerciários), Rui Queiroz de Amorim. “Somos os primeiros a conseguir fechar antes”, ressalta.
Ao todo, mais de 10 mil trabalhadores de Sorocaba e cerca de outros 10 mil de cidades da região vão passar o fim de ano já com o salário reajustado, o que não ocorreu no último dissídio. Conforme matéria do jornal Cruzeiro do Sul, publicada em março, o acordo entre os comerciários e o setor patronal demorou seis meses para sair.
O rápido fechamento deste ano, segundo Amorim, ocorreu por conta da pujança do comércio e do reconhecimento por parte do patronato da importância desses trabalhadores. “A categoria gera lucro, riqueza para o país”, destaca o presidente do Sincomerciários.