Apesar de Michel Temer (PMDB) e seu colega de partido Paulo Skaf, que é presidente da Fiesp, terem declarado suas propostas de redução de direitos trabalhistas e a intenção de corte de gastos com saúde e educação (publicado recentemente pela revista Exame) ainda há trabalhadores que apoiam o processo de impeachment, mesmo sem crime de responsabilidade.
Intelectuais e militantes sociais têm ressaltado que a imprensa tem um papel significa-tivo no que se refere a estabelecer a pauta da discussão política. O filósofo e escritor norte-americano, Noam Chomsky já categorizou que “o propósito da mídia não é o de informar o que acontece, mas sim moldar a opinião pública de acordo com a vontade do poder corporativo dominante”.
Em entrevista à Folha Metalúrgica, o professor de história e fundador dos cursinhos populares da Uneafro, Douglas Belchior (Negro Belchior), destaca que no caso do Brasil há um agravante: “vivemos uma realidade com uma oligarquia midiática, que tem apenas meia dúzia de proprietários controlando a comunicação no Brasil. Dessa forma, a mídia se transforma em um instrumento de projeto político nas mãos de um dos lados dessa disputa, que é a dos que querem tomar de assalto o poder, de forma ilegal e imoral”, ressalta.
Fofoca e desinformação
Em entrevista à Revista Brasil Atual, o filósofo e ex-ministro da educação, Renato Janine Ribeiro, salienta que “passamos a ter agendas nos jornais que não são do bom jornalismo”.
Exemplos não faltam:
• A jornalista Barbara Gancia relatou, publicamente, sua indignação quando foi proibida pela Band de criticar o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB).
• No dia em que o PMDB anunciou que retirava o apoio ao governo federal, o Estadão estampa a manchete em seu site: “PMDB rompe com Dilma aos gritos de ‘fora PT’ e ‘Temer presidente'”, tendo como fundo o escrito “Impeachment Já” com o Pato da Fiesp, sem anunciar que se tratava de um anúncio, na tentativa de passar credibilidade como notícia.
• Uma das capas da revista IstoÉ foi de ataque à Dilma, com uma montagem grotesca para induzir o leitor a “ver” a presidenta tendo um “ataque histérico”.
• Em uma reportagem da Globo News sobre desemprego em alguns países o índice de 4,7% do Brasil aparece no gráfico no mesmo tamanho do índice de 6% do Reino Unido.
• Quando o jornal O Globo noticiou que o Conselho Federal do Ministério Público demitiu o procurador da República Douglas Kirchner, ele publicou a seguinte chamada: “Conselho do MP determina demissão de procurador que investiga Lula”. Sendo que por 12 votos a dois, o Conselho Nacional do MP determinou a demissão do procurador por ele ser acusado de ter batido na ex-mulher e tê-la mantido em cárcere privado.
• Quando há notícia de corrupção comprovada relacionada a políticos do PSDB a mídia se comporta de outras formas, para ocultar o escândalo desses políticos que representam seus próprios interesses.
Fiesp e Estadão são apoiadores do golpe |
Quando a notícia envolve o PSDB a mídia dá outro tratamento |
Os índices em gráficos são manipulados |
Exemplos dão aula de manipulação midiática |