O protesto realizado no domingo, 11, por artistas e atores sociais em defesa das atividades culturais, no antigo prédio da Oficina Cultural Grande Otelo, reacendeu a memória dos festivais, dos curta dança e curta teatro, que agitaram a cidade e região nos bons tempos de funcionamento da Grande Otelo.
Com atividades intensas durante todo o dia, com contação de histórias, apresentações teatrais e musiciais, varal de poesia, entre outras, o protesto político-cultural também foi ponto de encontro entre ex-funcionários da Oficina.
Entre eles, o técnico de som e luz, Claudinei Jesus Rosa, que foi o primeiro funcionário da Grande Otelo, em 1994. “Eu lembro que na minha primeira semana de trabalho o prédio ainda estava em reforma. A oficina nos dava a possibilidade de estudar com os melhores técnicos do país, como eu tive a oportunidade de aprender muito com Guilherme Bonfanti, referência de iluminação teatral”.
O grupo Imagem, que tem 30 anos de existência, já ocupava o subsolo do prédio antes mesmo de se tornar Oficina Cultural Grande Otelo, em 1994. “Era a Casa da Cultura e realizamos mais de cinco Salões de Fotografia”, lembra o fundador do Grupo, Edeson Souza.
O protesto foi organizado pelo Fórum Permanente de Culturas de Sorocaba, que tem entre os membros Thiago Consiglio, que é presidente do Conselho Municipal de Cultura. Para ele, uma das melhores lembranças é o CineCafé, espaço para debate sobre filmes que acontecia em parceria com o Sesc, antes da entidade ter um espaço próprio na cidade.
Época de festivais
O Festival Terra Rasgada que ocorreu nos anos 2000 foi um dos mais marcantes de toda a região por dar destaque às artes plásticas e visuais. O diretor teatral Benedito de Oliveira (Benão) foi um dos oficineiros que trabalhava na Grande Otelo. “O Terra Rasgada começou com um público de 300 pessoas e, no final, na última edição teve um público de duas mil pessoas.
A organização do protesto político-cultural reivindica que o prédio seja doado à prefeitura para que os artistas possam retomar atividades de formação de público, assim como as oficinas literárias e outros segmentos da arte.
Mas, o problema, além da dificuldade do Estado passar para o município o prédio, é a reforma e manutenção do prédio histórico.
No começo, o valor da reforma estava avaliada em 1,8 milhão. Agora, são mais de três milhões de reais, conforme afirma Benão.
Outros marcos culturais são os festivais de Curta Dança e Curta Teatro – que começou com a iniciativa do Sindicato dos Metalúrgicos de Sorocaba e Região (SMetal), quando o diretor teatral Carlos Roberto Mantovani estava à frente do departamento de cultura do SMetal.
O governo do Estado de São Paulo sucateou as oficinas culturais e fechou diversas delas no interior do Estado, como a Grande Otelo, que encerrou as atividades no prédio em 2014.