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50 anos do golpe

Professor vai lançar livro sobre a Comissão da Verdade de Sorocaba

De acordo com o jornalista e professor, Sorocaba, na década de 1960, era um centro de efervescência da esquerda, mas, com a eclosão do regime militar, a cidade viveu um retrocesso

Assessoria PT Sorocaba

Durante a terceira oitiva da Comissão Municipal da Verdade “Alexandre Vannucchi Leme”, o jornalista e professor Júlio César Gonçalves disse que “nunca foi preso e nem torturado pelo regime militar, mas participou da resistência à ditadura, com pequenos gestos de protestos”.

A convite do professor e psicanalista Daniel Lopes, um dos incentivadores pela criação da Comissão da Verdade na cidade, Gonçalves fez vários relatos na Câmara, onde são realizadas as oitivas, e disse, após seu pronunciamento, que vai reunir todos os depoimentos da comissão e colocá-los em um livro.

Segundo ele, além de difundir os fatos narrados pelos personagens de forma ampla na sociedade, é necessário também que os relatos sejam registrados em nossa memória. “A gente precisa lembrar para não esquecer o que foram aqueles anos e, assim, não permitir que eles se repitam.”

Como o próprio trabalho da comissão vem de um processo coletivo, que começou na sociedade civil até chegar ao Legislativo, a produção do livro exigirá também um esforço de todos os envolvidos. “É preciso decupar fitas, checar datas e nomes, assim como organizar os depoimentos. Um processo de pesquisa para o qual não vai faltar trabalho. Eu me encarregarei do texto final e coordenar tudo isso.”

A respeito do lançamento da obra, Gonçalves disse que vai esperar, primeiramente, colher todas as informações para que, depois, dê início a parte escrita.

Sorocaba no período ditatorial

De acordo com o jornalista e professor, Sorocaba, na década de 1960, era um centro de efervescência da esquerda, mas, com a eclosão do regime militar, a cidade viveu um retrocesso. Na década seguinte, foi tomada por reacionários. Ele conta que chegou a enterrar uma obra de Karl Marx no quintal de sua residência.

Mesmo o regime militar vigente no País, Gonçalves e mais alguns colegas criaram um jornal alternativo, chamado “Sorocaba Urgente”, que durou quatro meses na cidade. “Apesar do pouco tempo, o impresso foi um catalisador da resistência no município.” Na mesma época, ele participou da “Noite do Beijo”, que ocorreu em fevereiro de 1981, em protesto contra a decisão de um juiz que proibiu o beijo em locais públicos em Sorocaba.

Como jornalista, Gonçalves vivenciou episódios de censura, como a proibição de escrever o nome do partido MDB (Movimento Democrático Brasileiro), antecessor do atual PMDB. “Cheguei a ser perseguido até por pregar cartazes do então candidato a senador Fernando Henrique Cardoso, que disputou e venceu o pleito pelo PMDB em 1978.”

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