Os protestos realizados nos últimos dias, em várias cidades do Brasil, são legítimos e democráticos, pois expressam, de forma espontânea, a insatisfação dos estudantes e trabalhadores às condições precárias do transporte público especialmente nas grandes cidades.
O Sindicato dos Metalúrgicos de Sorocaba e Região apoia a realização dos atos públicos que, de forma pacífica e organizada, podem contribuir com a transformação da sociedade em direção a patamares mais justos e solidários.
Ao mesmo tempo, a entidade repudia todo e qualquer abuso e truculência por parte das polícias estaduais, praticados contra manifestantes e profissionais da imprensa. Apenas na quinta-feira, dia 13, em São Paulo, as ações da Polícia Militar deixaram cerca de cem pessoas feridas e pelo menos 240 manifestantes foram detidos.
Vale destacar que em São Paulo, a repressão policial registrada na quinta-feira segue uma lamentável tradição no estado que, nas décadas de 70 e 80, bem como durante todo o período governado pelo PSDB, desde os anos 90, insiste em violar, veladamente, os direitos constitucionais à livre manifestação e à livre organização trabalhista e social.
Além de exigir o fim de abusos policiais, a sociedade deve também se mobilizar para cobrar uma polícia mais preparada para lidar com os cidadãos de todas as classes sociais. Para cobrar respeito, a polícia deve, primeiro, respeitar.
Não é de se duvidar que a agressividade demonstrada contra estudantes e jornalistas na quinta-feira seja apenas uma pequena dose da violência praticada silenciosa e cotidianamente nas periferias das cidades.
A repentina mudança da cobertura da velha mídia, que há poucos dias criminalizava e reduzia a importância do movimento e agora reconhece como “positiva” também é merecedora de nota. Cabe aos membros engajados nessas marchas ficarem atentos às tentativas de cooptação, sob pena de serem usados para levantar bandeiras que não são suas, e sim da direita e dos golpistas de plantão.
O Sindicato dos Metalúrgicos de Sorocaba e Região, com seu histórico de lutas contra abusos e irregularidades trabalhistas e sociais, sabe que ao se fazer uma reivindicação espera-se ser atendido. E ao ser chamado para negociar, deve fazê-lo. Ainda que seja para, após diálogo exaustivo e sério, vir a rejeitar uma proposta de acordo.
Nesse sentido, acreditamos que os movimentos sociais que lideram os protestos devem delegar representantes para assumir papel de negociadores. Sem isso, o movimento corre o risco de ser enfraquecido por ações isoladas de oportunistas e vândalos infiltrados, além de perder a chance de conquistar as justas melhorias que reivindica.