O Sindicato dos Metalúrgicos discorda da forma como a decisão de fechamento foi tomada e anunciada pela Gerdau e vai lutar pela manutenção dos empregos em Sorocaba. A entidade acredita que a empresa, em nome da responsabilidade social e do valor histórico que a siderúrgica tem para Sorocaba, deveria respeitar o diálogo e promover a transparência em suas ações empresariais, no que diz respeito ao futuro dos trabalhadores e do próprio terreno onde a fábrica está instalada.
A direção do Sindicato foi pega de surpresa duas vezes nesse processo de fechamento da Gerdau. A primeira foi quando ela anunciou, dia 15 de julho, o encerramento das atividades, já para o mês de setembro, durante uma negociação sindical que estava pré-agendada para tratar dos horários de troca de turnos dos funcionários. Até então, não tinha havido qualquer contato prévio sobre a possibilidade da empresa deixar a cidade.
A segunda surpresa foi no dia 28 de julho quando, após concordar em dialogar com o Sindicato sobre o futuro dos funcionários, a Gerdau emitiu nota à imprensa afirmado que vai demitir a maioria dos trabalhadores e que vai oferecer um mero “pacote de benefícios” aos dispensados.
Para a diretoria sindical, há opções à dispensa simples de funcionários. A produção da Gerdau poderia ser reativada em novo local da cidade, pode haver possibilidade de transferência de trabalhadores para um município vizinho, Araçariguama, onde o Grupo Gerdau mantém outra unidade. Enfim, muitas propostas poderiam surgir de uma negociação.
Os motivos alegados para o fechamento da fábrica também não foram convincentes. Pode-se até dizer que foram contraditórios em alguns momentos. Inicialmente a empresa afirmou ao Sindicato que não tinha mais interesse no negócio de aços especiais, que são produzidos na unidade de Sorocaba. Recentemente, porém, deu entrevistas à imprensa dizendo que esse setor de produção vai ser transferido para a unidade de Mogi-Mirim.
Nesta sexta-feira, dia 1º, a direção sindical terá uma nova reunião com a Gerdau, desta vez na sede administrativa do Grupo, em São Paulo. A expectativa é que desta vez o futuro dos trabalhadores seja tratado com mais respeito.
O Sindicato também pediu uma audiência, ainda sem resposta, com o prefeito Antônio Carlos Pannunzio. Os objetivos são pedir apoio à defesa dos empregos e saber se o terreno onde a fábrica está instalada já estaria condenado, para uso industrial, devido à proposta de um novo Plano Diretor de Sorocab,a elaborado pela Prefeitura.
Essa possibilidade de uso do terreno para outros fins gera a dúvida, da direção sindical e na sociedade, sobre há quanto tempo a Gerdau e a Prefeitura sabiam que a fábrica teria que ser desativada.
Enfim, com todos esses fatores estritamente locais envolvidos, é bom os metalúrgicos ficarem atentos e prontos para repudiar eventuais alegações de que o fechamento da fábrica é fruto de algum problema com a economia do Brasil.