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Os veículos do futuro são elétricos ou híbridos e para ontem

Automação e o fim do motor à combustão batem na porta do mercado automobilístico brasileiro e mundial; Brasil tem potencial de protagonizar o debate e produzir tecnologia local para exportação

Imprensa SMetal
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Atualmente, as vendas de carros leves eletrificados no Brasil correspondem a 2% do total, segundo dados da Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE)

Atualmente, as vendas de carros leves eletrificados no Brasil correspondem a 2% do total, segundo dados da Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE)

Os carros do futuro têm duas características principais que os definem: o modo como serão dirigidos e qual fonte de energia utilizarão para operar. O terceiro fator, e talvez o mais determinante, é sua urgência. Na visão de muitos especialistas, eles são para ontem. Isso porque existe uma agenda social e climática, em todo o mundo, pensando em veículos que emitam menos gases que causam o efeito estufa e agridam o meio ambiente.

Hoje, para que um motor funcione, pistão, biela e virabrequim transformam a energia térmica em energia mecânica. Internamente, a mistura combustível-ar, a compressão dessa mistura e explosão, promovem o movimento. Com esse processo surge o escape dos gases formados, que são projetados na atmosfera terrestre.

No mundo, já existem diversos projetos de carros futurísticos. Em alguns continentes, como na Europa, a discussão se faz acerca de modelos elétricos, literalmente carregados na tomada. Há países debatendo, até mesmo, o uso de tecnologia 5G e modernizações com satélites e Inteligência Artificial para carros de caráter mais autônomo – que dispensariam a ação humana.

De acordo com Rodrigo Marques, professor do curso de química da Universidade Estadual Paulista (Unesp) e coordenador do Centro de Monitoramento e Pesquisa da Qualidade de Combustíveis, Biocombustíveis, Petróleo e Derivados (Cempeqc-IQ/Unesp), a principal tendência brasileira seria um carro híbrido. Um motor que mistura combustão e eletricidade e que usaria etanol para funcionar.

“Imagine um carro em que o etanol no tanque vai ser convertido em hidrogênio. O hidrogênio, misturado ao oxigênio que está no ar, vai queimar dentro do seu carro. Essa mistura vai gerar eletricidade, mas ele produzirá água”, explica. Ele recorda que esse procedimento eliminaria a emissão de um gás danoso. “Então imagina? É um carro que o escapamento não vai produzir CO2, vai gerar água”.

O dióxido de carbono (CO2) é um composto químico que causa danos ao equilíbrio do planeta, sendo associado ao efeito estufa que, por sua vez, contribui com o aquecimento global. “Veículos que sejam mais sustentáveis e produzam menos impactos no planeta já são uma realidade. Precisamos tomar as rédeas dessa discussão porque, do contrário, o Brasil ficará isolado do resto do mundo na discussão sobre energias limpas e redução da emissão de gases”, analisa Leandro Soares, o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Sorocaba e Região (SMetal).

Protagonismo

Marques recorda que o Brasil, atualmente, é refém de gasolina e álcool como principais fontes de abastecimento aos veículos. O apelo que pesquisadores como ele têm feito é pela soberania do país quanto ao mercado internacional. “O Brasil não pode ser escravo de tecnologias internacionais. Agora é a hora em que as universidades, os sindicatos, as empresas e o setor de autopeças precisam se unir para que essa tecnologia nasça aqui. O país sendo protagonista. Para que a gente possa exportar, e não comprar ou importar tecnologia”, afirma o professor.

A exportação de veículos foi, inclusive, pauta do SMetal nesta semana. Sorocaba se destaca como a maior exportadora de carros do país, de acordo com dados organizados pela subseção dos metalúrgicos de Sorocaba do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômico (Dieese). A cidade se destaca em outros dois ramos: segundo lugar na exportação de autopeças e a terceiro na exportação de veículos automotores no geral (carros, tratores, caminhões, etc).

São bilhões de reais que também refletem na geração de empregos e manutenção de postos de trabalho já existentes. Uma vez que não adaptada, o que aconteceria com a produção de uma cidade com expoente tão grande da indústria automobilística, mas sem a tecnologia para tal? Para o especialista, Rodrigo Marques, é preciso se movimentar. “Dessa forma nós não iremos perder o nosso setor de autopeças. Não iremos fechar fábricas de motor. Nós vamos transpor tecnologia. Aquela fábrica de motor à combustão, se transformará em uma empresa de motor elétrico. É necessário se adaptar”, diz.

Leandro Soares pondera, por outro lado, a importância da reciclagem dos trabalhadores. “Para que possamos chegar daqui há 10 anos com nossa categoria ainda mais fortalecida, é de extrema importância pensar – desde já – em qualificação. Um metalúrgico que estiver trabalhando com produção de autopeças e processos do gênero precisará de treinamento e ferramentas adequadas”.

O presidente finaliza dizendo que os sindicatos da categoria, assim como a Federação Estadual dos Metalúrgicos da CUT (FEM/CUT-SP) e a Confederação Nacional dos Metalúrgicos da CUT (CNM/CUT), precisarão de muita luta e mobilização para preparar os trabalhadores e trabalhadoras brasileiros.

Projeções

A Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (ANFAVEA) projeta que, até 2035, 62% dos carros vendidos no país vão ser elétricos ou híbridos. A Associação prevê, ainda, que nos próximos 15 anos será necessário o investimento de 150 bilhões em infraestrutura, tecnologia, adequação e produção dos veículos eletrificados ou híbridos.

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