São Paulo – Metalúrgicos de todo o país preparam um protesto para a próxima quinta-feira, dia 29, em defesa de direitos, contra o desemprego e pela redução da taxa de juros, entre outros itens. O dia de protestos unirá trabalhadores ligados a diferentes centrais sindicais, como CUT, Força Sindical, CTB, Intersindical e CSP-Conlutas. A data foi definida no início do mês, durante reunião na sede do sindicato de São Paulo. Estão previstos atrasos nas entradas de turno, assembleias e passeatas.
“Vamos mostrar que não queremos o fim da Previdência e não aceitaremos a precarização dos nossos direitos. Vamos mostrar que vamos resistir”, afirma o presidente da Confederação Nacional dos Metalúrgicos (CNM-CUT), Paulo Cayres. Ele não acredita em declaração recente do ministro do Trabalho, Ronaldo Nogueira, de que a reforma da legislação trabalhista ficará para o segundo semestre do ano que vem. “Se foram capazes de fazer aquilo com a presidenta Dilma Rousseff, imagine com os trabalhadores.”
Ele lembra que o projeto que amplia a terceirização (PLC 30) está para ser votado no Senado. E avalia que há um esforço do governo e de empresários para condicionar a recuperação da economia à flexibilização das leis trabalhistas. “Parte dessa crise foi estimulada. Foi uma retenção de investimentos, para na sequência implementar essa pauta. Eles querem convencer que para crescer precisa precarizar”, diz Cayres, para quem o caminho é o oposto. “Sem você não distribui renda, não vai ter a economia girando.”
O dirigente também critica a notícia de que a Petrobras pretende encomendar plataformas no exterior e o impacto na área naval. “Que crescimento vai ter? Contratando fora, você não está retomando esse setor”, comenta.
O presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos (CNTM, ligada à Força) e do sindicato de São Paulo, Miguel Torres, diz que os esforços pela retomada do crescimento unem a categoria, “independentemente de central sindical e corrente ideológica”. Mas não vê iniciativas por parte do governo Temer. “Ainda não tem nenhuma medida do governo, mas toda hora tem um balão de ensaio.”
Sobre greve geral, Miguel afirma que o movimento de quinta pode ser um “esquenta”, caso mais adiante se decida mesmo pela paralisação. “Não queremos fazer algo no afogadilho”, acrescenta Cayres. “Quem chama a greve geral são as centrais sindicais. O que mobiliza é o ‘nenhum direito a menos’.”
O programa de renovação da frota, reivindicação dos metalúrgicos, ainda causa dúvidas. “Estou aguardando um chamamento para discussão para valer”, diz o presidente da CNM-CUT, lembrando que a medida não pode ser debatida se o governo tenta implementar uma pauta de redução de direitos. “Para sentar na mesa com a gente, tem de ter respeito.” Já o presidente da CNTM vê uma discussão “bem encaminhada”, após reunião recente com o ministro da Indústria, Comércio Exterior e Serviços, Marcos Pereira.
Congelamento
Os metalúrgicos da CUT no estado de São Paulo entregou avisos de greve aos representantes dos grupos 8 (refrigeração, equipamentos ferroviários, rodoviários, artefatos de materiais não ferrosos, esquadrias, construções metálicas, artefatos de ferro, metais e ferramentas em geral) e 10 (setores de lâmpadas, equipamentos odontológicos, iluminação e material bélico, entre outros), diante da falta de avanço nas negociações relativas á campanha salarial. “Em diversos momentos eles quiseram priorizar a pauta patronal. Percebe- se que há um viés político em não atender a pauta dos trabalhadores”, afirma o presidente da federação estadual (FEM-CUT), Luiz Carlos das Silva Dias, o Luizão. Segundo ele, na pauta econômica a proposta é de congelar salários por três anos.
Petroleiros
A Petrobras confirmou para esta quinta-feira, às 14h, no Rio de Janeiro, nova reunião com os representantes dos petroleiros, para tentar um acordo sobre renovação do acordo coletivo. Assembleias nas bases têm rejeitado a proposta inicial da empresa. No Rio de Janeiro, haverá greve a partir da quinta.
Além de cobrar uma nova proposta econômica e resposta para as pendências do ACT, a FUP quer um posicionamento da empresa sobre o Termo de Ciência e Responsabilidade que foi apresentado pelas direções sindicais na última reunião, cobrando o cumprimento na íntegra de todos os procedimentos de segurança previstos pelo Ministério do Trabalho e pela ANP, com a devida responsabilização dos gestores que assediarem ou incitarem os trabalhadores a descumpri-los”, diz a Federação Única dos Petroleiros, citando a saída de grande quantidade trabalhadores em recentes programas de demissão voluntárias. “Com a adesão de quase 20 mil petroleiros nos dois últimos PIDVs e a saída desses trabalhadores sem reposição das vagas, a categoria está ainda mais exposta a acidentes.”