Metade dos 40 mil metalúrgicos da região de Sorocaba aceitou acordos patronais que prevêem no mínimo 9% de reajuste salarial a partir deste mês. A outra metade deve iniciar paralisações nas fábricas a partir da próxima semana, em busca de acordos semelhantes.
A decisão foi tomada pelos trabalhadores em assembleia na noite de sexta-feira, dia 3, na sede do Sindicato dos Metalúrgicos em Sorocaba. A categoria, filiada à CUT, está em campanha salarial no estado e a data-base para firmar acordos venceu no dia 1º de setembro.
Os empresários do setor estão divididos em seis diferentes grupos de negociação, todos vinculados à Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo).
Até pouco antes da assembleia desta sexta, apenas os grupos 3, 8 e das fundições apresentaram propostas consideradas satisfatórias pelos metalúrgicos. Em Sorocaba, as fábricas desses grupos empregam cerca de 20 mil trabalhadores.
Já os grupos 2, 10 e das montadoras não apresentaram propostas ou não atenderam às expectativas dos metalúrgicos. Na região de Sorocaba, os grupos 2 e 10 empregam 50% dos metalúrgicos. Ainda não há funcionários de montadoras na região, cenário que deve mudar com a instalação da Toyota, prevista para o próximo ano.
O dobro da inflação
Os grupos patronais que tiveram propostas aprovadas pelos metalúrgicos ofereceram 9% de reajuste nas faixas salariais acima do piso da categoria. Esse índice representa mais do que o dobro da inflação acumulada desde a última campanha salarial, em setembro de 2009.
A inflação medida pelo INPC, acumulada no período, está em 4,36%. Ainda falta apurar o mês de agosto, mas a previsão é que a inflação do mês fique próxima de zero. Portanto, os 9% representam 4,45% de aumento real.
Piso salarial
Para os menores salários (pisos salariais), o reajuste pode chegar a 14,9%, dependendo do porte da fábrica e do grupo patronal. O piso metalúrgico nesses grupos, sem os reajustes, varia de R$ 764 a R$ 980, conforme o segmento e o porte da empresa. Em todo caso, 9% é o reajuste mínimo.
O piso das montadoras é maior e está em R$ 1.275 atualmente, mas não é aplicável na região de Sorocaba, onde não há fabricantes de veículos.
Teto salarial
O reajuste mínimo de 9% é aplicado até um teto salarial que varia de R$ 5 mil a R$ 5,3 mil, dependendo do grupo patronal. Salários acima desse valor recebem reajuste fixo equivalente aos 9% até o limite previsto pelo teto.
Licença-maternidade
Alguns setores metalúrgicos também aceitaram se antecipar ao projeto de lei que tramita no Congresso e se dispõe a ampliar a licença-maternidade dos atuais 120 dias para 180 dias. São os casos da Fundição e do Grupo 3.
Paralisações
Segundo o Sindicato, nos grupos onde não houve acordo as paralisações em Sorocaba podem ocorrer a qualquer momento, tanto por fábrica quanto por segmento. Ao mesmo tempo, a Federação Estadual dos Metalúrgicos da CUT (FEM), que representa os sindicatos no estado, vai manter contato com os Grupos 2, 10 e montadoras para tentar obter propostas de acordo.
A FEM-CUT representa 12 sindicatos e 250 metalúrgicos no estado. O diretor executivo do Sindicato dos Metalúrgicos de Sorocaba, João de Moraes Farani, é também vice-presidente da federação.
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>>>GRUPOS METALÚRGICOS:
1) Montadoras
2) Grupo 2 (Indústria de Máquinas, Indústria de Aparelhos Elétricos, Eletrônicos e Similares)
3) Grupo 3 (autopeças, forjarias e fábricas de parafusos
4) Grupo 8 (SICETEL (Indústria de Trefilação e Laminação de Metais Ferrosos); SINDRATAR (Indústria de Refrigeração, Aquecimento e Tratamento de Ar no Estado de São Paulo); SINDICEL (Indústria de Condutores Elétricos, Trefilação e Laminação de Metais Não Ferrosos no Estado de São Paulo); SIMEFRE (Indústria de Materiais e Equipamentos Ferroviários e Rodoviários); SIAMFESP (Indústria de Artefatos de Metais não Ferrosos no Estado de São Paulo); SIBAPEM (Indústria de Balanças, Pesos e Medidas de São Paulo); SIESCOMET (Indústria de Esquadrias e Construções Metálicas do Estado de São Paulo); SINAFER (Indústria de Artefatos de Ferro, Metais e Ferramentas em Geral no Estado de São Paulo)
5) Grupo 10 (SINDILUX: Indústrias de Lâmpadas e Aparelhos Elétricos de Iluminação do Estado de São Paulo; SINAEMO: Indústria de Artigos e Equipamentos Odontológicos, Médicos e Hospitalares do Estado de São Paulo; SINDESP: Indústrias de Estamparia de Metais do Estado de São Paulo; SIFUMESP: Indústrias de Funilaria e Móveis de Metal no Estado de São Paulo; SINDIMEC: Indústrias de Mecânica do Estado de São Paulo; SINDISUPER: Indústrias de Proteção, Tratamento e Transformação de Superfícies do Estado de São Paulo; SINDIREPA: Indústrias de Reparação de Veículos e Acessórios do Estado de São Paulo; Indústrias de Material Bélico; Sindicato Nacional da Indústria de Rolhas Metálicas.
6) Fundições (Indústrias de Fundição no Estado de São Paulo).