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Luta pelo emprego: o ABC dá o tom

A greve de 11 dias na planta da Volkswagen de São Bernardo do Campo (SP), com forte mobilização e não menos fortes manifestações de solidariedade

Paulo Cayres (presidente da Confederação Nacional dos Metalúrgicos da CUT)

A greve de 11 dias na planta da Volkswagen de São Bernardo do Campo (SP), com forte mobilização e não menos fortes manifestações de solidariedade, mostrou que este continua sendo o principal instrumento da classe trabalhadora para lutar por empregos e direitos.

Mais uma vez, os metalúrgicos do ABC deram o exemplo, reafirmando que só com muita consciência e determinação é possível sair de situações adversas que parecem irreversíveis.

Ou seja, a velha e boa receita da classe trabalhadora continua mais atual que nunca: demitiu, parou!

O recuo da montadora – ao recontratar 800 metalúrgicos demitidos – só aconteceu graças à intensa mobilização e à firmeza dos dirigentes sindicais que estiveram à frente das negociações, o que resultou, inclusive, na conquista da garantia de emprego até 2019.

A Volkswagen sentiu também o impacto da grande corrente de solidariedade à luta dos metalúrgicos, que uniu não apenas a CUT e entidades sindicais brasileiras e do exterior, mas também organizações sociais, como o Movimento dos Pequenos Agricultores, o Levante Popular da Juventude e a Marcha Mundial de Mulheres, entre outras.

2015 está começando assim e certamente a defesa do emprego será uma das principais bandeiras do movimento sindical em todos os aspectos: na luta direta no chão da fábrica, nas negociações coletivas, junto aos governos e ao poder legislativo.

A Confederação Nacional dos Metalúrgicos da CUT (CNM/CUT), ao lado das entidades que compõe o Macrossetor da Indústria da nossa central sindical (químicos, têxteis, trabalhadores na construção e na alimentação), desde os primeiros dias do ano reafirmou ao governo a necessidade de adoção de medidas que assegurem o emprego.

Para nós, é preciso implantar um sistema de proteção ao emprego que garanta trabalho e renda em momentos de instabilidade econômica, sem retirar direitos conquistados. Sabemos que é o salário que faz a economia girar e que a manutenção do emprego dá a segurança necessária para o trabalhador consumir e, assim, contribuir para que a atividade produtiva continue aquecida.

O seguro-desemprego é uma importante conquista e tem se mostrado fundamental ao longo dos tempos. Não queremos retrocesso e, por isso, repudiamos as mudanças feitas nesse sistema por meio de Medida Provisória. Mas entendemos que também chegou a hora de adotar mecanismos que evitem a situação de desemprego.

É isso que reapresentamos ao novo governo em dois momentos em janeiro: na posse do ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio e em audiência com o secretário geral da Presidência da República, no meio da greve na Volkswagen.

A CNM/CUT e os metalúrgicos cutistas vão lutar, junto com as categorias do ramo industrial e a classe trabalhadora brasileira, para que o país não aposte no retrocesso, que continue avançando em políticas de proteção social (e o direito ao trabalho tem de estar no centro dessas políticas) e para que a indústria se fortaleça e seja o carro-chefe da economia. Para isso, vão se unir e manter acesa a chama da mobilização.

O recado do ABC é o recado de toda a categoria, de norte a sul do país: “Demitiu, parou!”

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