Poucos dias depois de renovar por uma semana a licença “remunerada” dos trabalhadores, a empresa Satúrnia divulgou comunicado no qual concede folga por tempo indeterminado aos funcionários.
O comunicado foi entregue ao Sindicato na tarde de quinta-feira, dia 18, mas traz a data do dia seguinte, sexta, 19, quando deveria se encerrar a segunda licença consecutiva determinada pela empresa. O documento entregue ao Sindicato é assinado por João Vinícius Correia, assessor da Diretoria da Satúrnia Sistemas de Energia Ltda.
Após uma semana de folga determinada pela empresa, os 170 trabalhadores da Satúrnia voltaram à fábrica no último dia 16 na expectativa de receber seus salários atrasados e retomar a produção de baterias. Mas depois de um dia inteiro sem atividades internas, por falta de matéria-prima, os funcionários foram comunicados que a licença “remunerada” está prorrogada até sexta-feira, dia 19. Agora, a prorrogação é por tempo indeterminado.
Atrasos de pagamento
“A empresa diz que a licença é remunerada, mas o fato é que os trabalhadores estão com parte dos salários de julho atrasados e ainda não receberam o vale que deveria ter sido pago no último dia 12”, afirma Alex Sandro Fogaça, diretor do Sindicato dos Metalúrgicos e funcionários da Satúrnia.
No retorno ao trabalho, dia 16, a empresa não forneceu transporte, desjejum nem refeição. Somente no fim do expediente os trabalhadores foram comunicados sobre a renovação da licença.
Os funcionários também tiveram o convênio médico cortado por falta de pagamento, que deveria ter sido efetuado pela empresa. Semanas atrás, vários trabalhadores também tiveram problemas bancários devida a empréstimos consignados descontados dos salários, mas não repassados para a Caixa Econômica Federal.
Contrato com a Marinha
A Satúrnia fabrica baterias industriais e tem contrato com a Marinha para produção de baterias para submarinos. O sindicato recebeu informações extra-oficiais do governo federal de que um representante da Marinha deve vir a Sorocaba na próxima semana para avaliar a produção da bateria para submarino (que está parada).
A empresa é controlada pela ALTM, do Rio de Janeiro, que não informa sobre os planos da Satúrnia. O Sindicato está tentando contato também com a multinacional Eaton, ex-proprietária, que pode ainda ter responsabilidade sobre a fábrica.