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Hipócrates

Interventor assume direção do CHS

Luís Cláudio de Azevedo assumiu cargo hoje. Governador afirma que sabia da fraude no CHS há 18 meses, mas investigações só foram desencadeadas após denúncias de funcionários

Imprensa Smetal

O governador Geraldo Alckmin (PSDB) nomeou ontem, dia 20, um interventor para administrar o Conjunto Hospitalar de Sorocaba (CHS). O médico Luís Cláudio de Azevedo Silva, diretor do Instituto de Radiologia do Hospital das Clínicas, ligado à USP, na capital, assumiu suas atribuições hoje, dia 21. O interventor foi nomeado cinco dias depois do então diretor do CHS, Heitor Consani, indicado pelo prefeito Lippi (PSDB), ter sido preso acusado de fraude contra o complexo hospitalar.

Além de Consani, na última quinta-feira, 16, foram presas outras 11 pessoas acusadas de fazer parte de um esquema de corrupção em hospitais de Sorocaba. Consani foi solto no último final de semana depois de prestar depoimento.

As investigações, chamadas de “Operação Hipócrates” e realizadas pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) e pelo Grupo Antissequestro de Sorocaba (Gas), começaram em setembro do ano passado, depois que funcionários do próprio hospital denunciaram o esquema.

As principais acusações são de pagamento de plantões a médicos que não compareciam ao trabalho e compra de próteses primárias, que eram licitadas como se fossem produtos de alta tecnologia.

No total, a polícia tinha em mãos 37 mandados de prisões temporárias e de busca e apreensão em residências e hospitais da cidade.

O esquema existiria desde 2008 e o grupo acusado de corrupção e fraude, que pode chegar a 50 pessoas, teria desviado mais de R$ 2 milhões do conjunto hospitalar de Sorocaba.

Papel do Interventor
O interventor Luís Cláudio de Azevedo Silva terá como atribuição, a partir de hoje (21), fazer um diagnóstico da situação de atendimento e administrativa do CHS. O prazo dado pelo governador para entrega do relatório é de 60 dias.

O governador Alckmin também determinou a realização de auditorias em todos os hospitais do Estado em que haja plantões médicos, implantação do ponto eletrônico e a criação de uma Controladoria Geral do Estado para investigar denúncias como a de fraude nos hospitais de Sorocaba.

Deslize do governador
Em entrevista coletiva na noite de ontem (20), o governador tucano afirmou que já tinha conhecimento das irregularidades no CHS e que teria sido o próprio governo quem encaminhou as denúncias ao Ministério Público. No entanto, logo após as prisões na semana passada, jornais de Sorocaba já tinham a informação de que as denúncias foram feitas por funcionários do próprio conjunto hospitalar (que engloba os hospitais Regional, Leonor Mendes de Barros e o Santa Lucinda).

Matéria publicada hoje (21) no jornal Cruzeiro do Sul reafirma que as denúncias de fraude foram feitas por um grupo de 20 servidores do CHS, dia 21 de setembro de 2010, no Fórum Cível de Sorocaba.

Alckmin, no entanto, diz que o governo sabia das irregularidades há um ano e meio, mas que as denúncias foram alvo de uma sindicância e depois encaminhadas ao Ministério Público. Enfim, o governador admitiu que não tomou nenhuma medida executiva e imediata para conter a sangria de recursos públicos e mau atendimento no CHS.

Presos e soltos
Além de Consani, já prestaram depoimento e foram libertados os acusados Márcia Regina Leite Ramos, ex-diretora do departamento de recursos humanos do CHS, Antônio Carlos Nasi (ex-diretor do CHS) e Kleber Castilho, que também teriam colaborado com as investigações.

Permaneciam detidos até hoje (21) na sede do CPI-7, Ricardo José Salim, Célia Chaib Arbage Romani, Tânia Aparecida Lopes, Tarley Eloy Pessoa de Barros, Maria Helena Pires Alberici, Vera Regina Boendia Machado Salim, Edson Brito Aleixo e Edson da Silva Leite. A dentista Tânia Marins de Paiva está foragida.

Indicações erradas
O prefeito de Sorocaba Vitor Lippi (PSDB) está se especializando em nomear pessoas “problemas” para o ajudar na condução do seu governo.

Até o momento Lippi já perdeu 9 pessoas próximas, todas acusadas de crime ou envolvidas, ou investigadas por atividades ilícitas.

O golpe mais recente que o prefeito Lippi recebeu foi a notícia da prisão do cirurgião Heitor Consani, na última quinta-feira (16), indicado pelo prefeito tucano, que também é médico, para dirigir o Conjunto Hospitalar de Sorocaba (CHS).

Veja os indicados por Lippi e o motivo da queda

1 – Maurício Biazotto Corte – secretário de governo – foi preso acusado de envolvimento em um esquema de corrupção na concessão de alvarás de licença para postos de combustíveis

2 – José Dias Batista Ferrari – secretário de Desenvolvimento Econômico -também chegou a ser preso envolvido no mesmo esquema que participava Biazotto.

3 – Ricardo Barbará – secretaria de Habitação – caiu por problemas com
a Justiça de Itapetininga

4 – Januário Renna – secretário de Administração – foi preso em flagrante
com três menores em um motel de Itu. Ele ainda é acusado pelo Ministério Público de ter praticado pedofilia e exploração sexual contra nove meninas.

5 – Domingos de Abreu Vasconcelos Neto – secretaria se segurança comunitária – caiu ao ser acusado pelos vereadores de abuso de poder e permitir “truculência” às atuações da Guarda Muncipal.

6 – Daniel de Jesus Leite – secretário de administração – acusado de favorecer
empresa da família com lei de incentivo fiscal municipal e ainda montar um escritório de comércio na China, sem autorização da Câmara.

7 – Lauro Mestre – secretário de negócios jurídicos – caiu porque, além de representar a prefeitura juridicamente, também movia processo contra a própria prefeitura.

8 – Milton Palma – secretário da saúde – caiu porque comissão de vereadores que investiga mortes em hospitais psiquiátricos descobriam que Milton tinha relações comerciais com esses hospitais.

9 – Heitor Consani – diretor do CHS – foi preso na última quinta, dia 16, acusado de integrar uma quadrilha de médico e enfermeiros que fraudavam o hospital. A nomeação de Heitor coube ao Estado, mas seu nome foi indicado pelo prefeito Lippi.

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