Na última terça-feira, 29, a Federação Estadual dos Metalúrgicos da CUT/SP (FEM/CUT) entregou a pauta da Campanha Salarial aos representantes da bancada patronal. Foram duas reuniões, realizadas de forma remota, que tiveram a presença dos dirigentes dos sindicatos ligados à entidade.
Durante a reunião à distância, cada um dos cinco eixos aprovados na pauta de reivindicação foi explicado aos sindicatos patronais. Os representantes da FEM/CUT enfatizaram sobre a importância da reposição salarial aos metalúrgicos da categoria já que, desde a última data-base (setembro de 2020), as perdas inflacionárias já chegam a 7,71% de acordo com o Dieese.
A Federação pontua que os preços de produtos básicos como carne, óleo e arroz, além do valor do gás de cozinha e combustíveis para automóveis, pesam cada dia mais no orçamento das famílias dos metalúrgicos e metalúrgicas. O secretário de finanças da entidade e dirigente do Sindicato dos Metalúrgicos de Sorocaba e Região (SMetal), Adilson Faustino (Carpinha), comenta que o primeiro passo da reunião foi recordar dos impactos financeiros. “A desvalorização do salário da categoria no estado é visível pelos números da inflação. Sabemos que, o que se sente no bolso nos supermercados e postos de combustível, é ainda mais complicado do que os números da economia”, diz.
De acordo com o presidente da FEM/CUT, Luiz Carlos da Silva Dias, o Luizão, o momento pede um reajuste coerente. “É necessário que este ano tenhamos um bom reajuste salarial, não dá para os metalúrgicos assistirem somente o preço dos itens de consumo subirem ade forma absurda e não verem seus salários reajustados satisfatoriamente”, defendeu.
Os eixos definidos pela FEM/CUT, e aprovados pelos metalúrgicos da base da entidade, estão ligados às lutas enfrentadas neste período de tantas crises – sanitária, energética, hídrica e política – e reforçam sobre a importância de garantir “mais” direitos aos trabalhadores sejam eles ligados à saúde ou à economia.
O tema deste ano é “Campanha Salarial 2021 é + salário, + vacina, + emprego, + direitos, + unidade”. A palavra “mais”, antes de cada uma das pautas, aparece como um reforço do que é reivindicado pela categoria neste momento. “Não basta só corrigir o déficit inflacionário. Precisamos lutar pelo aumento real – para além das reposições – e o sucesso da nossa Campanha Salarial, e de cada companheiro e companheira da categoria, depende da unidade de todos”, afirma Carpinha.
Indústria 4.0
Não é novidade que o atual governo brasileiro está pecando no quesito de tecnologia industrial. Isso porque, atualmente, as prioridades da gestão estão muito mais atreladas ao agronegócio e vendas de commodities, deixando o segmento que mais exporta produtos e aparece como líder de investimento de capital de lado.
De acordo com a Confederação Nacional da Indústria (CNI), a indústria é responsável por mais de 20% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro e está diretamente ligada a geração de empregos no país. O setor também é responsável por 62% das exportações de bens e serviços, por 69,2% do investimento empresarial em pesquisa e desenvolvimento e por 33% dos tributos federais (exceto receitas previdenciárias).
Esses números podem estar com os dias contados, já que enquanto diversos países estrangeiros começam a investir em tecnologia e desenvolvimento, o Brasil vai ficando para trás na corrida da Indústria 4.0. Se trata de um novo período industrial que bate à porta do mundo e, em breve, estará dominando o mercado.
Um dos pontos que também foi conversado nas reuniões, é o investimento em tecnologia de automação, sistemas inteligentes e ciber-físicos que compõem o conceito de Indústria 4.0. “Discutimos e debatemos a transferência de tecnologia voltada para a nacionalização de produtos. Justamente porque precisamos que o Brasil tome a frente desses processos, para que não fique na contramão do que acontece no mundo”, recorda o secretário de finanças da FEM/CUT.
Novas contratações também foram defendidas na apresentação, bem como a qualificação dos profissionais que já atuam no segmento, mas que precisarão se atualizar em um futuro breve.
Vacinação
Adilson Faustino comenta, ainda, que a principal diferença da Campanha Salarial deste ano é a pauta da vacinação. Se em 2020 foram discutidas formas de frear os impactos do coronavírus, agora é o momento de cobrar vacinação. Ele diz que a categoria não parou em nenhum momento e, além disso, o trabalho da indústria foi considerado “essencial” no Plano Nacional de Imunização (PNI). “O destaque da entrega foi esse ponto de, no ano de 2022, a vacina ser uma exigência para a categoria metalúrgica como forma de eliminarmos o vírus”, finaliza.
A FEM propôs uma cláusula para que as fábricas só possam contratar pessoas vacinadas contra a Covid-19. Isso, desde que seja cumprido o calendário apresentado pelo do governo do Estado de São Paulo, que prevê imunizar toda a população adulta até meados de setembro desde ano. Caso haja atraso no cronograma, poderão ser contratados aqueles que estiverem com a vacinação agendada. A única exceção seria para trabalhadores que apresentarem atestado médico contraindicando a vacina por eventual problema de saúde.
Próximos passos
A partir de agora, as bancadas patronais devem reunir os empresários para discutir sobre as reivindicações da categoria. A previsão é iniciar o processo de negociação na segunda quinzena de julho. Na pauta de negociação deste ano também estarão presentes temas como reindustrialização do país, nacionalização de componentes e novas formas de contratação como home office e teletrabalho.
A FEM-CUT representa 14 sindicatos de metalúrgicos em todo o Estado. A data-base da categoria é 1 º de setembro. A federação negocia com os sindicatos patronais, que se dividem em diversos grupos de acordo com o setor em que atuam, como fundição, estamparia, autopeças, máquinas e equipamentos, iluminação entre outros. Não estão incluídas montadoras, que negociam em separado com os sindicatos de cada região.