ARTIGO

Esperança é comida no prato

Esperança, era com essa palavra que definíamos o Bolsa Família. Era a esperança de ter alimento na mesa, de não passar fome, de cuidar dos mais pobres.

Tiago Almeida do Nascimento (Presidente do Banco de Alimentos e Diretor do Sindicato dos Metalúrgicos de Sorocaba e Região)
Giorgia Prates/Fotos Públicas
Esperança é comida no prato

Esperança é comida no prato

Esperança, era com essa palavra que definíamos o Bolsa Família. Era a esperança de ter alimento na mesa, de não passar fome, de cuidar dos mais pobres. Era a esperança de cuidar de nossas crianças, dos nossos idosos, dos desempregados e dos abandonados. Era a forma do sertanejo superar a seca e a entressafra na roça. Era a forma de cuidarmos do povo, cuidarmos de gente, enquanto povo, uma nação.

Mas isso incomodou, perturbou quem não se perturbava com a fome e com o abandono. Perturbou quem sempre teve o privilégio de uma vida privilegiada, pois no país da fome, ter três refeições por dia é um imenso privilégio. A perturbação virou revolta e gerou o ódio. Um ódio de classe, insano e desproporcional, e governo após governo lutaram para encerrar o programa que com pouco fazia muito, trazia dignidade aos que tanto foram humilhados com fome em suas vidas.

Eis então que o país faz sua pior opção, elege não somente uma pessoa despreparada, mas um ser carregado de ódio e preconceito, que em toda sua trajetória política, em mais de três décadas, nada fez para os que mais precisavam, nada fez para mudar a realidade desse país. Pelo contrário, defendia e vociferava por todos os cantos a herança nefasta deixada pela porca e indecente ditadura militar que, por 21 anos, ceifou do povo brasileiro não só a democracia, mas a dignidade, levando a nação à indigência e à miséria.

Esse ser que eleito foi, encerra neste mês de novembro o maior programa social do planeta. A experiência exitosa copiada por outras nações no globo – sim, a Terra não é plana. Um programa que fez escola entre a politica social mundial, substituído por um programa para chamar de seu. O presidente irresponsável cria um programa sem orçamento, de caráter eleitoreiro e com data de término para dezembro de 2022 e sequer está previsto quando e como vai transferir os recursos para milhares de pessoas que aguardam mensalmente o pouco, mas necessário recurso para a manutenção de suas vidas.

O fim do Bolsa Família não é somente trágico pelos milhares que ficarão desamparados no decorrer do processo, é cruel, sádico e mostra a face rancorosa e perversa de quem detém o poder no nosso país.

Por fim, cabe a nós somente uma coisa, lutar. Lutar por quem já perdeu tanto e nem mais força tem para isso. Lutar por aqueles cuja fome humilha todos os dias e não possui condições de lutar por si. Lutar por nossos idosos e por nossas crianças que morrem de miséria, pois neste país a condição social mata mais que qualquer doença. Lutar é o que nos resta, pois, somente lutando faremos a esperança pulsar em nós e no outro. Lutemos.

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