Repudiamos veementemente qualquer intervenção militar no país, seja num estado como o do Rio de Janeiro, como as ameaças que pesam no ar do país, após declarações do comandante do Exército, general Villas Bôas.
Um dia antes da data marcada para o julgamento de habeas corpus do ex-presidente Lula, o general usou o Twitter na terça-feira, 3, para dizer que o Exército compartilha “o anseio de todos os cidadãos de bem de repúdio à impunidade e de respeito à Constituição, à paz social e à Democracia”.
A pergunta que não quer calar é: qual democracia ele defende? Nosso Estado Democrático de Direito sangra há dois anos, com golpeadas em cima dos direitos dos cidadãos, que trabalham para sobreviver ao caos imposto por Temer, Fiesp e toda uma patrulha midiática e jurídica.
Estamos lutando dia após dia para ver ressurgir a esperança no horizonte da classe trabalhadora, a mais prejudicada desde que Temer assumiu o poder, deixando claro que o Brasil vive, mais uma vez, sob um estado de exceção.
Se em 1964 o golpe de Estado foi civil e militar, o caminho utilizado pela elite em 2016 para implantar o retrocesso nas áreas sociais, civis e trabalhistas, não precisou das botas do Exército. Mas isso não significa que não tem o seu apoio.
O Twitter do general foi lido pela Rede Globo, dando destaque em rede nacional para endossar a possibilidade de uma “intervenção”. Que triste a farsa se repetir como tragédia na voz de William Bonner.
O tom foi de ameaça aos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). Isso é inaceitável em uma democracia. Prova de que vivemos sob um autoritarismo. Queremos que a Constituição fale mais alto neste país. Queremos soberania!
Que as únicas armas utilizadas sejam as do argumento e a das provas! Não se cala um ideal de justiça, assim como não se pode admitir rasgar, mais uma vez, a Constituição.
Em 64, houve perseguições políticas, censuras e ranger de dentes. De 2016 para cá, a amargura do desemprego, do congelamento de investimentos sociais, de uma farra bilionária para patrocinar políticos a aprovarem reformas que retiram direitos.
O que está em jogo no julgamento de Lula é aquele projeto que deu certo neste país e que tirou milhares de brasileiros da miséria. O que a elite quer, com o apoio do Exército, é exterminar à força bruta qualquer chance do povo trabalhador ter novamente direito à vida com dignidade. Não somos números, nem escravos!
Clamamos pela Constituição, por eleições justas, pelo direito ao voto. Lembrar é resistir! Ditadura nunca mais!!!