Minutos após ser reeleita, no último domingo, a presidenta Dilma Rousseff focou seu discurso da vitória em dois assuntos principais: a defesa da unidade nacional, para que todos os brasileiros sejam contemplados pelas políticas públicas federais; e a necessidade de se fazer uma profunda reforma política no Brasil, que seja capaz de coibir a corrupção, promova a transparência dos financiamentos de campanha eleitoral e reorganize o sistema de votação, tornando-o mais representativo e democrático.
As declarações de Dilma, do PT, contrastaram fortemente com a postura de líderes do PSDB antes e depois da eleição. Durante a campanha, tucanos como o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso estimularam o preconceito contra nordestinos e contra pobres, criando divisões entre os brasileiros por classe social e por região territorial. Em relação à reforma política, o candidato Aécio Neves limitou-se a defender o fim da reeleição para cargos executivos, o que é pouco para aprimorar o sistema político e eleitoral brasileiro.
Rancor dos tucanos
Após Dilma ser oficialmente declarada reeleita, na noite de domingo, representantes tucanos pelo Brasil afora, inclusive o ex-prefeito de Sorocaba, Vitor Lippi, continuaram propagando uma mentalidade de divisão de paulistas contra as regiões e os segmentos sociais que optaram majoritariamente pela candidata petista.
No discurso da derrota, Aécio ressaltou os votos que teve em São Paulo, mas, nos agradecimentos, ignorou o seu próprio estado de origem, Minas Gerais, onde perdeu para Dilma.
“Sem dúvida, um comportamento de péssimo perdedor e mais um sinal do risco que o Brasil corria se Dilma não tivesse vencido”, afirma o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos, Ademilson Terto da Silva.
Votos no Brasil todo
No Brasil, Dilma teve 51,64% dos votos válidos, contra 48,36% de Aécio. Ao contrário do que pregam alguns tucanos, a candidata petista teve votos em todos os estados e a votação em todas as regiões foi fundamental para sua vitória. Mesmo no Sudeste, ela obteve a vitória em dois grandes colégios eleitorais, Minas Gerais e Rio de Janeiro.
Os 8,5 milhões de votos que a petista teve no Estado de São Paulo também foram determinantes para a vitória, pois a diferença dela para o segundo colocado foi de 3,4 milhões de votos.
Em Sorocaba, a presidenta teve um crescimento de 60,3% na votação entre o 1º e o segundo turnos, passando de 70.295 para 112.738 votos. O candidato tucano, embora tenha vencido na cidade, cresceu menos: 54,8%, de 145.913 para 226.018 votos.