Censura

Comentários lamentam o fim do jornalismo no Cruzeiro do Sul

A história se repete. No dia 12 de maio de 2017, jornalistas sofriam censura e truculência na redação do centenário jornal

Imprensa SMetal
Reprodução
Capa da edição desta sexta-feira, 11, nenhuma linha ou foto sobre a passeata que teve início às 19h na quinta-feira.

Capa da edição desta sexta-feira, 11, nenhuma linha ou foto sobre a passeata que teve início às 19h na quinta-feira.

Muitos leitores tiveram uma surpresa ao ler a edição do jornal Cruzeiro do Sul desta sexta-feira, 11. O jornal centenário não deu uma linha, nenhuma foto sobre a passeata dos servidores municipais realizada no começo da noite de quinta, 10.

Mais de quatro mil pessoas saíram da Estação Ferroviária em caminhada pacífica, de parar o trânsito, até a Praça 9 de Julho contra a terceirização da saúde e da educação, promovida pelo prefeito Caldini Crespo (DEM).

Na publicação do jornal no Facebook, com a capa da edição desta sexta, mais de 90 comentários denunciaram a censura do jornal ao protesto da categoria dos servidores, liderado pelo Sindicato dos Servidores e apoiados pela população e por outros sindicatos como o SMetal.

O presidente do SMetal, Leandro Soares, comentou “Até parece que não houve nada de significante ontem em Sorocaba né?! Será que está será a nova linha do Diretor de jornalismo do Cruzeiro do Sul… omitir as informações?!”

O professor universitário e jornalista João Negrão escreveu “quando um jornal briga com a notícia, quem perde é o jornal. Se estiverem precisando de uns livros sobre a definição de notícia, posso emprestar”.

Outros leitores comentaram que assinam o jornal há anos, mas que estão considerando cancelar a assinatura. “Um ato tão importante que aconteceu em Sorocaba contra a terceirização e nenhuma nota, nenhuma foto, quanta parcialidade”.

A censura ocorrida no jornal em 2017 e que repercutiu nacionalmente também foi lembrada. “Essa edição é uma aula do que não se deve fazer em um jornal… Depois da censura na redação em 2017, a Fundação Ubaldino do Amaral mancha mais uma vez a credibilidade centenária do Cruzeiro do Sul. Por razões políticas, o acontecimento mais relevante da cidade foi deliberadamente ignorado. Isso é um atentado à informação”.

Divulgação
O Sindicato dos Servidores (SSPMS) publicou na página da entidade uma carta em repúdio, pedindo baixa de assinaturas e moção de apoio aos jornalistas

O Sindicato dos Servidores (SSPMS) publicou na página da entidade uma carta em repúdio, pedindo baixa de assinaturas e moção de apoio aos jornalistas

O Sindicato dos Servidores (SSPMS) publicou na página da entidade uma carta em repúdio (veja ao lado), pedindo baixa de assinaturas e moção de apoio aos jornalistas. “Sorocaba cresceu não só no tamanho mas, também em senso crítico, hoje grande parte da população não aceita mais uma imprensa que anda de braços dados com o prefeito seja ele de qual partido for, assim também como não cabe mais para Sorocaba um governo municipal da época do coronelismo”, diz trecho da carta.

O Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo (SJSP) divulgou nota na tarde desta sexta, 11, afirmando que os trabalhadores do Jornal não responsáveis pela linha editorial adotada pela direção do Cruzeiro do Sul, nem pelo desrespeito ao direito à informação. Leia a íntegra aqui.

Greve

Não é mera coincidência que a greve dos servidores municipais de Votorantim, ocorrida no início deste mês, também não foi publicada nas edições do Cruzeiro. Não foi publicado em nenhum momento a palavra “greve”, o máximo que podiam dar é “paralisação”, além de outras restrições.

Em maio de 2017, há exatamente um ano, um grupo liderado pelo promotor Antônio Domingues Farto Neto, entrou na redação aos berros, destratou jornalistas e os obrigou a escrever notícias condenando a greve geral de 28 de abril.

Nessa época, os jornalistas uma carta de denúncia à Fundação Ubaldino do Amaral (FUA) e a repercussão foi nacional, saindo em matérias de vários veículos.

Contraponto

De acordo com o secretário-geral do SMetal, Silvio Ferreira, “a imprensa sempre teve lado e é por isso, que é urgente discutirmos as instituições do país, como a mídia, por exemplo, que com seu apoio acabou patrocinando o golpe de 2016”.

Para oferecer um contraponto à mídia oficial e aos veículos que representam os interesses dos empresários, nasceu o Brasil de Fato, jornal que completa 15 anos e é o porta-voz dos movimentos sociais.

“É preciso discutir uma outra comunicação possível para o país, fora da linha desses jornais comprometidos com outros interesses que não são os dos trabalhadores”, afirma o secretário de administração e finanças, Tiago Almeida.

Por isso, a diretoria convida toda a população para o debate que será realizado no dia 22, às 19h, no Sindicato, com os jornalistas José Arbex Jr. e Vivian Fernandes. Essa atividade integra o Ciclo de Formação do SMetal. Inscrições pelo e-mail: ciclodeformacao@smetal.org.br

Outros comentários

Cassi Lopes – Cruzeiro do sul já era! Está morto e enterrado! Tá perdendo feio para jornais novos! Mas graças a tecnologia e as inúmeras fontes de informações de Sorocaba, vocês simplesmente se queimaram sozinhos. Parabéns!

Fina Tranquilin – Primeira coisa que eu fiz hj de manhã, foi procurar no Cruzeiro do Sul as noticias sobre a grande marcha dos servidores, que aconteceu ontem, em Sorocaba. E qual foi meu susto? NENHUMA PALAVRA SOBRE… Pergunto: como assim? Fica claro que este jornal tem somente um lado. E não é o lado dos trabalhadores! que horror!

Juliana Telles Do Rosário – Como assim Jornal Cruzeiro do Sul…cadê a imparcialidade. Só vcs não viram a manifestação de ontem contra as propostas de terceirização da saúde e educação ou não quiseram ver???? Vergonhosa essa omissão!!!

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