Os trabalhadores em transporte urbano de Sorocaba realizaram protesto de três horas na noite de segunda-feira, 14, em repúdio às ameaças feitas pelo prefeito José Crespo (DEM) a motoristas da linha Cajuru. A paralisação foi de 100% da frota de ônibus da cidade, exceto nas linhas especiais.
Em assembleia realizada no final do protesto, os motoristas aprovaram que, se novos atos de desrespeito à categoria acontecerem, os trabalhadores irão reagir, seja na forma de protesto ou paralisação por tempo indeterminado.
Para o vereador Francisco França (PT), vice-presidente do Sindicato dos Rodoviários de Sorocaba, a ação do prefeito de, junto de sua assessoria, ir até o fim da linha que atende o bairro Cajuru e abordar os motoristas, no horário de pico, foi irresponsável. “Ele entrou em dois ônibus e ameaçou os motoristas de demissão por justa causa, alegando que eles não estão estavam parando nos pontos, mesmo com o coletivo lotado”, criticou o vereador.
Segundo ele, não embarcar passageiros após a lotação do ônibus é uma determinação das empresas. “Sempre foi assim, lotou e não cabe mais ninguém, tem que ir embora pro terminal ou ponto final, dependendo do sentido que está indo”, disse.
Durante a ação do prefeito, os próprios passageiros fizeram vídeos mostrando indignação com o ocorrido (assista aqui). “Prefeito não pode, não deve e não tem autoridade para isso. Nós não vamos permitir que ele aja dessa forma agressiva com os trabalhadores. A partir de hoje é uma reação a cada ação irresponsável de Crespo”, afirmou o presidente do Sindicato, Paulinho Estáusia.
Para ele, a ação de Crespo foi uma surpresa, especialmente ocorrendo poucos dias depois o encerramento da Campanha Salarial dos trabalhadores em transporte de Sorocaba, que aprovaram a proposta construída em mesa de negociação entre empresa e Sindicato.
“Tivemos um processo de negociação muito responsável, evitando todo aquele transtorno que ocorreu no ano passado. Mas estranhamente o Prefeito não se conteve e acabou tendo essa atitude absurda”, criticou.
Redução das linhas de ônibus
De acordo com presidente do Sindicato, levantamento recente da entidade demonstra que a atual Prefeitura e a Urbes reduziram no mínimo 20% das linhas, o que tem causado superlotação no transporte público. “Houve corte em várias linhas e foram tirados diversos ônibus de circulação nos horários de pico, esse é o real problema”, disse.
Ações jurídicas
Além da aprovação de novos protestos caso o prefeito volte à desrespeitar os trabalhadores, o Sindicato protocolou denúncia de assédio moral contra Crespo no Ministério Público do Trabalho e solicitou ainda, através de liminar, a preservação e cópia das imagens das câmeras dos coletivos no momento dos ataques o prefeito aos motoristas, que estão em poder das empresas.