“Votar. O que eu ganho com isso?”. A pergunta retórica com frequência é dita por aqueles que, desinteressados pela política, não compreendem a importância do voto e das consequências [positivas ou negativas] que a escolha dos governantes pode ter em suas vidas.
Entretanto, é claro que se o chefe do Executivo Municipal atendesse efetivamente as demandas fundamentais, previstas pela Constituição Federal, como vaga em creche, saúde, educação, entre outros, os trabalhadores certamente economizariam boa parte de seu salário todos os meses.
Com economia no gasto dos serviços privados, as famílias poderiam investir, por exemplo, na compra da casa própria, na qualificação profissional, ou mesmo em viagens, cultura e lazer.
Levantamento feito pela subsede Sorocaba do Dieese (Departamento Intersindical de Estudos Socioeconômicos) constatou que o preço da mensalidade de uma creche particulares barata em Sorocaba gira em torno de R$ 300.00.
Sendo assim, ao longo de três anos, uma família que tem renda média de R$ 2 mil por mês terá gasto aproximadamente R$ 10.800 quantia suficiente para comprar duas motos ou dez notebooks.
Por outro lado, se a vaga na creche fosse garantida pela prefeitura, essa família teria uma economia de 15% de seu orçamento todos os meses. Além disso, sem ter com quem deixar os filhos, muitas mulheres acabam sendo obrigadas a deixar o mercado de trabalho, diminuindo significativamente a renda familiar.
Qualificação
De acordo com dados do Dieese, o metalúrgico de produção que trabalha na região de Sorocaba recebe, em média, R$ 2 mil. “O piso, porém, gira em torno de R$ 1 mil e geralmente quem recebe são os mais jovens”, pondera o economista do Dieese, Fernando Lima.
E são justamente os mais jovens que, para conquistarem uma remuneração melhor, precisam investir na sua qualificação profissional. Um curso profissionalizante, cuja mensalidade custa R$ 250, compromete 16,6% da renda de um metalúrgico que recebe salário de R$ 1.500. Já para quem recebe salário de R$ 1.100, por exemplo, o curso profissionalizante corresponde a 22,7% do orçamento.
Em um mercado de trabalho cada vez mais competitivo, muitos trabalhadores se esforçam para ter uma formação em curso superior. Porém, sem a alternativa de um programa municipal semelhante ao bem sucedido ProUni, do governo federal, que facilita o acesso à universidade, o jovem que quiser frequentar uma faculdade de Engenharia Mecatrônica, por exemplo, terá de desembolsar cerca de R$ 750 por mês.
A ideia de “ProUni Municipal” foi apresentada pelo metalúrgico e atual deputado estadual Hamilton Pereira (PT), em 2008, quando disputou a prefeitura de Sorocaba. Neste ano, a proposta foi incorporada ao programa de governo da candidata petista, Iara Bernardi. “Hoje, o trabalhador que tem salário de R$ 1.500 vai gastar metade do seu orçamento, apenas na mensalidade do curso. Isso sem falar em transporte alimentação, entre outros itens básicos”, detalha Fernando Lima.
Saúde e transporte
Levantamento feito pela Associação dos Metalúrgicos Aposentados de Sorocaba e Região (Amaso) mostra que a mensalidade dos planos de saúde para quem tem mais de 59 anos varia entre R$ 295 a R$ 1.200. “O preço só não é mais alto porque o Estatuto do Idoso proíbe o reajuste das mensalidades para pessoas com mais de 60 anos”, comenta o presidente da Amaso, Benedito Vanderlei Trindade, o Teleco.
Além de saúde e educação, deveres do Estado conforme a Constituição Federal, os trabalhadores de Sorocaba, por exemplo, poderiam ter um poder de compra ainda maior, não fosse o preço salgado da tarifa do transporte público.
Atualmente o preço do “passe social” para os ônibus de Sorocaba é de R$ 2,95. Já o valor do “vale transporte” em Sorocaba é de R$ 3,15, ultrapassando até mesmo a tarifa do metrô de São Paulo, de R$ 3 reais.