Enquanto em dezembro de 2021 o preço máximo encontrado nos postos de gasolina na cidade era de R$ 6,499, em março deste ano, o valor chega à R$ 7,199 – um crescimento de 10,77%. Quando analisamos a média dos preços em todos os postos de combustíveis da cidade, o aumento em apenas três meses foi de 8,82% – passando de R$ 6,236 em dezembro para R$ 6,786 em março.
Ou seja, para abastecer um carro de 40 litros, por exemplo, o trabalhador que antes desembolsava R$ 249,44 para completar o tanque, atualmente tem que pagar, em média, R$ 271,44.
Já o gás de cozinha, em apenas três meses, o valor máximo encontrado em Sorocaba foi de R$ 110 para R$ 120 (+9,09%). Na média, o crescimento foi de 9,27%, de R$ 102,93 em dezembro para R$ 112,47, em março. Os dados são da Agência Nacional do Petróleo (ANP).
Leandro Soares, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Sorocaba e Região (SMetal), critica a falta de medidas do governo federal para barrar esses aumentos abusivos, que têm interferindo no custo de vida de todos os brasileiros, não somente nos que possuem carro, além de ampliar as desigualdades.
“O aumento dos preços dos combustíveis, por exemplo, produz um efeito negativo em cascata na economia e pesa ainda mais no bolso dos trabalhadores, pois acaba impactando nos preços de alimentos, transporte público, produtos e serviços em geral. Ou seja, o salário no fim do mês acaba sendo comprometido com itens básicos para o dia a dia, isso quando a remuneração ainda supre essas constantes altas”, lembra.
De acordo com o economista Fernando Lima, da subseção Dieese do SMetal Sorocaba, esse efeito cascata impacta nos índices inflacionários que, por obrigação do ofício, faz com que o Banco Central tenha que tomar uma atitude. “Normalmente, a atitude é aumentar a taxa de juros. Em outras palavras, o remédio será desaquecer o ritmo de atividade econômica, que contribui para a manutenção da pobreza e da desigualdade em nosso País”, explica.
Privatização da Petrobras
No debate virtual “Alto preço dos combustíveis e o papel da Petrobras”, promovido pelo Projeto Brasil Popular, especialistas sobre o tema afirmam que a recente alta dos preços dos combustíveis no Brasil tem “relação direta” com o processo de fatiamento da Petrobras.
A privatização aos pedaços, com a venda de importantes subsidiárias da estatal, teve início após o impeachment da então presidenta Dilma Rousseff (PT), em 2016. Ao mesmo tempo, a Lava Jato também colaborou para a desarticulação de uma série de investimentos estratégicos que estavam em desenvolvimento.
De lá para cá, o Brasil se tornou praticamente autossuficiente na produção de petróleo nos últimos anos, após a descoberta das reservas do pré-sal. Ao mesmo tempo, aumentou em cerca de 30% a dependência da importação de derivados.
De acordo com a economista-chefe do Instituto para Reforma das Relações entre Estado e Empresa (IREE), Juliane Furno, se a Petrobras tivesse sido mantida como uma empresa integrada, “do poço ao posto”, seria possível mitigar os impactos da elevação do preço do petróleo no mercado internacional, que vem ocorrendo em função da guerra na Ucrânia.
Eventuais perdas com a contenção dos preços dos combustíveis ao consumidor final seriam compensadas com aumento dos ganhos na exploração de petróleo bruto, por exemplo (saiba mais aqui).
(com informações da Rede Brasil Atual)