O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou, na terça-feira, 11, dois percentuais percentual da inflação acumulada em 2021 que fechou o ano em 10,06%. Neste mês, o percentual – medido pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) – ficou em 0,73%.
Além deste item, também foi divulgado o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) que finalizou o ano com alta de 10,16%. Este medidor é mais utilizado como referência para negociações salariais.
Influências no IPCA
O setor de transportes foi o que mais influenciou no valo final do índice. De acordo com o IBGE, somente a gasolina subiu mais de 47% em um ano; este também foi o caso do etanol que teve alta de 62,23% se levarmos em consideração os doze meses do ano. Ao todo, nove grupos servem de referência para medir a inflação oficial do Brasil.
Essa é a primeira vez, em seis anos, que o índice fecha um ciclo acima dos dois dígitos. A economista Imira Rando explica que, além do preço dos combustíveis, o dólar teve impacto na inflação. “O dólar alto pressionou os preços no atacado, provocando diversos reajustes ao consumidor final. Durante todo o ano de 2021, não vimos esforços efetivos do governo federal para conter a desvalorização do real”, comenta a especialista em entrevista para o Sindicato dos Metalúrgicos de Sorocaba e Região (SMetal).
Outro ponto que pode ter influenciado foram as crises, hídrica e energética, enfrentadas no país. Imira alerta que, para além das questões naturais, a falta de estratégia por parte do poder público “fez com que não somente a conta de luz subisse com a criação de novas taxas, como também influenciou o setor produtivo, gerando mais pressão inflacionária”.
Os grupos tiveram alta, respectivamente, da seguinte forma: Alimentação e bebidas: 7,94%, Habitação: 13,05%, Artigos de residência: 12,07%, Vestuário: 10,31%, Transportes: 21,03%, Saúde e cuidados pessoais: 3,70%, Despesas pessoais: 4,73%, Educação: 2,81% e Comunicação: 1,38%.
Expectativas para 2022
A inflação acumulada em 2021 ficou acima do que era previsto pelas instituições financeiras. Em 2022, a economista ouvida pelo SMetal estima que o cenário seja parecido. “A expectativa é de que a inflação desacelere em 2022 e de um crescimento do PIB próximo a zero. O Banco Central prevê uma meta de 3,5%, em 2022, com um teto limite de 5%, mas as expectativas de economistas apontam que a inflação feche o ano acima do teto”, diz.
Ela explica ainda que, com a taxa de juros mais elevada em 2022, economia desaquecida, e dólar ainda em patamar alto, a inflação tende a desacelerar devido à queda do consumo das famílias. Entretanto esclarece que este fato não representa queda nos preços, mas, sim, que os ajustes dos preços poderão ser menores do que os observados em 2021.
O ano eleitoral também será outro desafio, já que, na visão da economista, com o atual cenário político somado à pandemia, podemos ter um ano de instabilidade econômica que pode influenciar na trajetória da inflação.
Quem paga a conta?
Em 2021, os itens que mais apresentaram alta foram transportes (21,03%), alimentação (7,94%) e habitação, que inclui energia elétrica e gás (13,05%). Foi no combustível, energia elétrica, botijão de gás, alimentação e aluguel que o trabalhador e trabalhadora brasileiro mais sentiram a mudança de preços.
“Até pouco tempo, a população contava com a política de valorização do salário proporcionada pelo governo de Lula. Assim que Jair Bolsonaro (PL) assumiu a presidência, o salário passou a ser corrigido de forma insuficiente, muitas vezes cobrindo apenas as perdas da inflação. Uma família que não tem poder de compra, não pode consumir”, analisa Leandro Soares, presidente do SMetal.