Com recordes de mortes e hospitais lotados, o prefeito de Sorocaba, Rodrigo Manga (Republicanos), excluiu mais de 50 mil trabalhadores da antecipação dos feriados para conter a crise da pandemia da Covid-19. De acordo com decreto publicado nesta terça-feira, 30, os feriados entre os dias 31 de março e 6 de abril não se aplicam para diversas áreas, entre elas, para as atividades industriais.
Sorocaba tem, ao todo, 50.222 trabalhadores na indústria, segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), o que representa 25% do total dos empregos formais na cidade. Deste total, 64% (32.187) estão em empresas metalúrgicas.
Diante da situação, o Sindicato dos Metalúrgicos de Sorocaba e Região (SMetal) vai acionar o Ministério Público (MP). “Não tem cabimento fazer um meio feriado e colocar milhares de pessoas em risco, ainda mais no momento caótico que vivemos. Esse decreto é uma aberração e mostra que o prefeito não tem compromisso com a vida. Vamos buscar os meios legais para combater esse absurdo”, afirma o presidente da entidade, Leandro Soares.
Para o secretário-geral do SMetal, Silvio Ferreira, o prefeito Manga cedeu à pressão da indústria. “Enquanto fecha o pequeno comércio, que mais tem sofrido com pandemia, o prefeito agrada aos grandes empresários, desrespeitando o princípio da isonomia e expondo o trabalhador da indústria aos riscos da Covid-19. Ou a antecipação dos feriados foi para ampliar o descanso e movimentar o turismo do litoral?”
O SMetal vai seguir o entendimento de que a antecipação dos feriados deve valer para todos. “Feriado é dia sem trabalho ou com o pagamento de 100% de hora extra. Vamos continuar nesse caminho, em defesa dos trabalhadores metalúrgicos, e cobrar das empresas responsabilidade”, enfatiza Silvio.
A diretoria do SMetal reafirma, ainda, que apenas um lockdown pode salvar vidas nesse momento. “Hoje tivemos mais um dia triste, com quase quatro mil morte por causa da Covid em todo Brasil. Sorocaba não tem vaga em nenhum hospital. Não temos outro remédio a não ser parar tudo por pelo menos 15 dias. Estamos diante de uma situação de vida ou morte e, enquanto defensores dos trabalhadores metalúrgicos, não vamos medir esforços para protegê-los”.