Em duas assembleias realizadas na manhã desta segunda-feira, dia 3, na portaria da fábrica, os trabalhadores da linha de produção e do CD (Centro de Distribuição) da CNH/Case disseram que querem um abono para complementar o reajuste salarial de 10% concedido pela empresa.
A fábrica, que rompeu o diálogo com o Sindicato durante a campanha salarial deste ano, não negociou o reajuste com os trabalhadores e, para amedrontar os funcionários, ainda montou um forte aparato de segurança para impedir que o Sindicato realizasse assembleias na portaria da fábrica.
Mas na manhã desta segunda, a grande maioria dos funcionários participou de assembleia e reforçou a reivindicação de abono salarial para complementar o reajuste oferecido pela empresa. Após a manifestação, os funcionários entraram para o trabalho.
“Infelizmente, por temer repressão, muitos trabalhadores entraram [para o trabalho] e não participaram da assembleia. Mas os que ficaram – e foi a grande maioria – mostraram que apóiam o Sindicato e que querem abono”, diz o dirigente Sindical Alex Sandro Fogaça, que conduziu o ato de mobilização.
O Sindicato espera que agora, com a decisão dos trabalhadores, a empresa abra o diálogo para a negociação e conceda abono salarial a todos os funcionários.
Sindicato e trabalhadores tomaram a decisão de reivindicar um abono junto à empresa com base nos acordos já fechados até o momento em Sorocaba e em acordo que a própria Case fechou com seus funcionários no estado do Paraná.
Em todas as fábricas onde já formam fechados acordos em Sorocaba, ou índice foi maior que 10% ou houve complementação com abano salarial. “Em alguns casos o índice foi superior a 10% e ainda houve abono”, completa Alex.
Truculência
Para impedir que trabalhadores e Sindicato dialogassem durante esta campanha salarial, a direção da CNH/Case em Sorocaba contratou um número elevado de seguranças.
Na manhã desta segunda, era possível contar ao menos 35 homens no pátio da fábrica. Mais da metade deles formou um cordão de isolamento na portaria da fábrica, instalada na zona industrial de Sorocaba.
Há relatos de funcionários que dizem que os seguranças foram armados com pistolas municiadas com bala de borracha e spray de pimenta.
“A fábrica não precisa recorrer a esse tipo de expediente. Não fica bem para uma empresa do porte da Case recorrer à força, à truculência, para amedrontar seus funcionários”, diz o vereador e sindicalista Izídio de Brito (PT).
A CNH/Case, fabricante de máquinas agrícolas e para a construção civil, é controlada pelo grupo italiano Fiat e emprega aproximadamente mil trabalhadores em Sorocaba.