Uma compilação de dados solicitados pela diretoria do SMetal e analisados pela subseção SMetal do Dieese mostra uma radiografia desigual e excludente em relação à mulher no mercado de trabalho.
A remuneração da mulher com carteira assinada é 28,2% menor em comparação ao homem, em Sorocaba. De cada 10 mulheres, sete trabalham no setor de serviços (48,91%) e no comércio (23,4%). Esses dados são da Relação Anual de Informações Sociais (Rais) e atualizadas pelo Caged, analisadas pelo economista da subseção SMetal do Dieese, Fernando Lima.
No setor de serviços, onde a maioria das mulheres trabalham, a remuneração média das mulheres é de R$ 2029,08, enquanto a dos homens é de R$ 2.605,37. “A remuneração média da mulher, nesse setor, é 22% menor em comparação ao do homem justamente no setor em que elas estão mais presentes”, afirma o economista.
Além do setor de serviços, a mulher ganha menos em comparação aos homens nos seguintes setores: Indústria de transformação(-36,3%), Serviços industriais (-15,9%), Comércio (-18,9%), Administração Pública (-20,8%), Agricultura (-14,2%). A única exceção é a construção civil, no caso a remuneração das mulheres é 4,3% superior ao dos homens.
Utilizando como parâmetro a classificação brasileira de ocupações (CBO), Sorocaba tinha 1529 ocupações (nome da profissão na carteira de trabalho) em 2016, em praticamente 1/3 delas (500 profissões) disponíveis em Sorocaba não há nenhuma mulher no cargo.
Já dos 915 cargos que são ocupados por homens e mulheres, em 69,29% deles, o homem recebe, na média, mais do que as mulheres.
“Mesmo antes de fazer parte do Comitê Sindical de Empresa (CSE), na Flextronics, eu sempre apoiei o movimento sindical porque eu observava alguns casos de violação de direitos na fábrica anterior que trabalhei e questionava dentro da fábrica. Eu justamente aceitei ser CSE porque sei que se queremos que nossos direitos prevaleçam temos que lutar por eles”, pontua a diretora do SMetal Lindalva Linhares da Silva Martins.
Para o secretário de organização do Sindicato dos Metalúrgicos de Sorocaba e Região (SMetal), Izídio de Brito, essas informações mostram o quanto é desigual e opressor o mundo do trabalho para as mulheres. “Isso é um reflexo da estruturação da sociedade que ainda é patriarcal e machista”, afirma.
Perfil educacional
Independente do grau de instrução da mulher, ela recebe remuneração menor ao do homem.
. 17,91% das mulheres com carteira assinada não possuem ensino médio completo;
. 56,38% possuem o ensino médio, enquanto 20,55% possuem o superior completo.
. 33,69% das mulheres têm no máximo 29 anos de idade; 32,63% entre 30 e 39 anos e 33,68% acima de 40 anos.