A desvalorização dos ativos da Petrobras em um ano de mandato de Michel Temer representa um prejuízo de R$ 112 bilhões para a empresa pública. Já os desvios de recursos revelados pelo escândalo do “petrolão”, investigado pela Lava-Jato, soma R$ 6 bilhões. Ou seja, o sucateamento promovido pelos golpistas acumula um estrago financeiro 17 vezes maior do que as propinas denunciadas pela mídia.
Os números foram divulgados na quarta-feira, dia 8, pela Federação Única dos Petroleiros (FUP), que no dia seguinte, 9, realizou um protesto em frente à sede da Petrobras no Rio de Janeiro. O objetivo foi dar mais visibilidade às denúncias e também pedir a saída do presidente do Conselho Administrativo da Petrobras, Pedro Parente, braço de Temer na estatal.
Para a FUP, a desvalorização e sucateamento da Petrobras são estratégicos para os golpistas, pois eles pretendem fatiar a Petrobras e terceirizar a produção e os serviços da empresa; que seriam assumidos por corporações privadas que ajudaram a financiar o golpe parlamentar de 2016.
José Maria Rangel, coordenador geral da Federação, defende que o fatiamento e a terceirização da Petrobras são novas maquiagens da velha privatização. “Esse governo já vendeu a Nova Transportadora Sudeste, que transporta 70% do gás natural do país, vendeu reservas no Campo de Carcará, área do pré-sal, e já vendeu a Liquigás. Ainda este ano teremos quatro leilões em áreas de pré-sal “, lembra ele.
Como em 2016 o Congresso aprovou a mudança na lei de partilha da exploração do petróleo, a Petrobras poderá participar do leilão de apenas 3 dos 11 blocos do pré-sal. O projeto de redução dos direitos da Petrobras explorar a riqueza energética nacional é de autoria do Senador José Serra (PSDB).
Terceirização ou privatização
A intenção do governo de mascarar a privatização por meio de terceirizações de estatais, como a Petrobras, o Banco do Brasil, a Caixa Econômica e os Correios, foi abordada no editorial da Folha Metalúrgica 868, distribuída esta semana nas fábricas do setor em Sorocaba e região.
De acordo com reportagem da imprensa da CUT Nacional, outra prova desse desmonte da Petrobras promovido pelo governo é o ataque à política de conteúdo local, que priorizava a participação da indústria nacional no fornecimento de equipamentos e serviços para a Petrobras.
Temer mudou essa regra no começo de 2017, reduzindo para 50%, em média, a participação da indústria nacional nesse segmento. A consequência imediata foi que a multinacional State Oil será fornecedora do Campo de Carcará, na Bacia de Santos. de acordo com a CUT, os equipamentos serão produzidos na Holanda, “com geração de emprego, desenvolvimento da engenharia estrangeira e, provavelmente, tripulação trazida desse país para operar no Brasil”, afirma a reportagem.
Outro resultado do sucateamento que antecede a terceirização da estatal é a redução da produção. “A Petrobrás está se apequenando e, hoje, com a gestão do Parente, tem a mesma quantidade de reservas que tinha em 2001. Já tivemos 16 milhões de barris e estamos com 9 bilhões, além da desvalorização de seus ativos”, afirma Rangel, da FUP.
Demissões em massa
Outro fator preocupante causado pelo desmonte da Petrobras é o desemprego. No último ano, 13.270 trabalhadores da empresa foram desligados por meio de planos de incentivo. Outros 40 mil terceirizados foram dispensados devido a contratos interrompidos e obras paralisadas.
Estimativas da FUP apontam que em toda a cadeia produtiva, incluindo setores de comércio e metalúrgico, mais 200 mil trabalhadores desempregados no país por conta do sucateamento e decisões de interrupção generalizada de contratos da companhia por parte da Operação Lava-Jato.
Consequência em Sorocaba e região
As demissões na cadeia produtiva da Petrobras afetou inclusive o mercado de trabalho em Sorocaba e região, onde diversas fornecedoras e prestadoras de serviços da Petrobras também dispensaram funcionários, num efeito cascata ocasionado pela política golpista de sucateamento da empresa e pelas decisões intempestivas de cunho político do juiz Sérgio Moro.
São esses os casos da Jaraguá, Bardella, Emerson, Metso, Ecil, Bauma, Tertecma, Interativa, JCB e Forte Metal, entre outras.
Outra consequência das demissões em massa, apontada pela FUP, é o risco à saúde e à integridade física dos trabalhadores que ficaram na Petrobras. “A preocupação se torna constante porque o risco de acidente nas unidades operacionais aumenta exponencialmente e apontamos isso para os órgãos de fiscalização. Você não pode fazer a redução drástica em uma atividade de alto risco sem minimamente estudar esses riscos. Tratam o efetivo como redução de custo e isso não é”, alerta Rangel.