Os funcionários da Flextronics, empresa de eletroeletrônicos instalada às margens da rodovia Castelinho, em Sorocaba, estão em greve desde a noite de quarta-feira, dia 2.
Depois de várias rodadas de negociações sem sucesso, a paralisação foi a única saída que os trabalhadores encontraram para pôr fim à forte pressão que a empresa exerce sobre os trabalhadores. Há muitas denúncias de ofensas e humilhações de encarregados contra trabalhadores, o que caracteriza assédio moral.
Além do ritmo acelerado de trabalho, os funcionários se queixam do excesso de trabalho nos fins de semana, da falta de respeito dos chefes e até do controle da fábrica para uso do banheiro pelos trabalhadores.
“Você pode estar morrendo de vontade de ir ao banheiro, mas não pode ir enquanto a chefia não determinar alguém para ocupar o teu lugar na linha de montagem”, explica um funcionário que pede para não ser identificado. “Se meu nome aparecer amanhã, estarei na rua”, diz o trabalhador.
“Eles [funcionários] não acharam outra saída para resolver o problema senão parar a produção”, diz o dirigente sindical metalúrgico Alex Sandro Fogaça, que tem tentado negociar melhorias para os trabalhadores há vários meses. Somente em fevereiro houve três reuniões, “mas em nenhuma delas houve avanço”.
A paralisação foi deflagrada no início do terceiro turno de quarta-feira, por volta das 22h, e confirmada pelos turnos da manhã e da tarde nesta quinta-feira, dia 3.
Não há previsão de negociações, mas o Sindicato afirma estar disposto a conversar com a Flextronics e vê a redução da jornada de trabalho como o único meio de os trabalhadores terem folgas ao menos nos finais de semana.
Cobrança
Na última quarta, dia 2, diretores do Sindicato dos Metalúrgicos de Sorocaba e Região, que representam os cerca de 5,5 mil trabalhadores da Flextronics, se reuniram com o gerente regional do Trabalho, Vitório Cattai, que representa o Ministério do Trabalho na região.
No encontro, os sindicalistas cobraram um posicionamento da Gerência Regional do Trabalho e Emprego sobre a conduta da empresa.
Devidos a abusos denunciados pelo Sindicato e por funcionários, a empresa já recebeu várias notificações de multas, “mas nada disso tem adiantado porque, além das multas terem valores pequenos, a empresa ainda recorre e vai ganhando tempo. Por isso que ela ainda mantém essa péssima conduta com os funcionários”, explica Alex.