A atual crise econômica que atinge a Grécia decorre de um histórico em que o país gastou mais do que podia e que foi agravado em 2008, com a crise econômica mundial. Esse déficit no orçamento, por sua vez, foi financiado por empréstimos do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do resto da Europa.
A dívida internacional da Grécia, hoje, está 177% acima do PIB do país. Ou seja, a soma de todas as riquezas produzidas pelos gregos, se fosse usada apenas para amortecer o montante devido, não seria suficiente para pagar nem a metade.
Em números atualizados, a divida grega chega a 320 bilhões de euros, o equivalente a R$ 1 trilhão. Desde 2010, a Grécia recebeu 240 bilhões de euros do FMI e da UE. Toda a repercussão mundial da crise nos últimos dias, no entanto, foi desencadeada após 30 de junho, quando venceu uma parcela de 1,6 bilhão de euros da dívida com o FMI. Em 13 de julho, outra dívida com o FMI deixou de ser paga, de 450 milhões de euros.
Diante do cenário, o país foi enquadrado em situação de “calote” da dívida e a sua saída da zona do euro passou a ser discutida. Enquanto a Europa pressiona para que a Grécia continue adotando a moeda para não quebrar a credibilidade do euro, para os gregos a saída poderia ser uma forma de retomar o controle da política monetária, apesar do temor de se fechar o país para a entrada de capital internacional.
Desemprego de 26%
Agrava ainda mais o panorama grego o fato de a taxa de desemprego no país estar em 26%. Considerando-se apenas a classe jovem, a taxa atinge 50% do grupo. Além disso, desde 2010, o PIB da Grécia caiu 25%.
Em 2008, na grande crise, os gregos começaram a tirar dinheiro do país. Tanto que no último mês, com a crise mais grave, os bancos fecharam para evitar que os gregos saquem todos os recursos e quebrem as instituições. Saques em caixas eletrônicos estão limitados a 60 euros diários por pessoa.
Sendo assim, a Grécia depende de recursos da Europa para manter sua economia funcionando. Sem o apoio dos credores internacionais, o governo grego não tem dinheiro para reativar o sistema financeiro, nem para pagar parcelas dos empréstimos que vencem nos próximos dias. Na próxima segunda-feira (20), a Grécia precisará de 3,5 bilhões de euros para resgatar títulos detidos pelo Banco Central Europeu (BCE) e no dia 30, vence parcela de 5,3 bilhões de dólares com bancos privados internacionais.
Plebiscito
Para um novo aporte, no entanto, os europeus exigem novos cortes de gastos e incremento de impostos. No último dia 5, em referendo, os gregos foram às urnas para decidir se concordam com as condições europeias para um novo empréstimo, mas 61,3% dos gregos decidiram pelo “não”.
Mesmo assim, o governo grego se mostrou disposto a negociar. Trocou o ministro das finanças, o conselho de ministros aprovou o aperto fiscal, pediu novo empréstimo de 50 bilhões de euros e mandou a proposta de aperto geral do povo grego. Alexis Tsipras, primeiro-ministro grego, argumentou que o povo grego fez os “esforços fiscais mais duros do que qualquer outro país” e a “experiência” fracassou.
Na segunda-feira (13), os líderes europeus concordaram em fazer um terceiro programa de resgate para a Grécia, mas ainda exigem medidas duras, como aumento de impostos, reformas no sistema previdenciário, cortes nas pensões e mais privatizações.
Novo acordo com zona do Euro
O Parlamento da Grécia aprovou nessa quarta-feira (15) o acordo com os líderes da zona do euro, de modo a permitir um novo resgate ao país, que poderá chegar a 86 bilhões de euros. O partido no poder, o Syriza, aprovou o acordo graças ao apoio de forças políticas de oposição.
Segundo a televisão estatal da Grécia, 229 deputados votaram a favor do acordo, seis abstiveram-se e 64 se manifestaram contrários. Metade dos votos contra e a totalidade das abstenções vieram do partido que sustenta o Governo, o Syriza. Entre os que votaram contra estivavam a presidenta do Parlamento, Zoe Konstantopoulou; o ministro da Energia, Panagiotis Lafazanis; e o ex-ministro das Finanças Yanis Varoufakis.
Os bancos gregos vão continuar fechados até pelo menos sexta-feira (17), segundo novo decreto publicado pelo Ministério das Finanças grego. O decreto também amplia as operações bancárias que podem ser realizadas nas unidades abertas. O novo decreto mantém o limite para saque nos caixas eletrônicos em 60 euros por dia e em 120 euros o valor máximo para pensionistas que só têm cartão.