Com o objetivo de pressionar o setor patronal a retomar as negociações da campanha salarial dos condutores de ônibus suburbanos, o Sindicato dos Rodoviários de Sorocaba e Região liderou um protesto na manhã de hoje que resultou na paralisação total da frota das linhas que ligam Sorocaba a municípios da região. A previsão do sindicato era de que o transporte começasse a se normalizar às 9h, mas só a partir das 9h40 os primeiros coletivos voltaram às ruas. A entidade sindical anunciou que, caso as empresas não iniciem negociação e apresentem uma contraproposta razoável às reivindicações da categoria, os trabalhadores poderão entrar em greve por tempo indeterminado a partir desta terça-feira.
O protesto de hoje paralisou totalmente os ônibus das linhas que ligam Sorocaba às cidades de Votorantim, Salto de Pirapora, Piedade, Araçoiaba da Serra, Porto Feliz, Boituva, Salto, Itu, Alumínio, São Roque, Mairinque, Alumínio e Araçariguama.
Os trabalhadores em transportes reivindicam reposição da inflação com base o ICV/Dieese (Índice do Custo de Vida do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos) mais aumento real de 6%; aumento no tíquete-refeição; aumento na participação nos lucros e resultados (PLR) para o valor de um piso salarial, concessão de cesta natalina; redução da jornada de trabalho; e manutenção dos demais benefícios que já constam no acordo coletivo de trabalho como cesta básica, plano de saúde familiar e seguro de vida. A data-base da categoria venceu no dia 1º de maio.
A entidade sindical afirma que as empresas Vila Élvio, Auto-Ônibus São João, Rápido Luxo Campinas, Piracema, Piracicabana e Viação São Roque, responsáveis pela operação das linhas suburbanas, foram notificadas de greve no último dia 8. Portanto, a legislação de greve em serviços essenciais, que determina prazo de 72 horas da notificação para dar início à paralisação, foi respeitada. Segundo o sindicato, entre motoristas, cobradores e funções de apoio, o setor de transporte suburbano de Sorocaba conta com mais de 2 mil trabalhadores.
Greve
O secretário-geral do Sindicato dos Rodoviários, Gileno dos Santos, informou que sindicalistas pretendiam fazer uma reunião com os representantes das empresas e caso não cheguem a um acordo, uma greve deverá ser iniciada nesta semana. Gileno declarou que na hipótese de a greve ser confirmada, o sindicato manterá 30% da frota nas ruas, conforme determina a lei.
Usuários sofrem com transtorno
A paralisação atrapalhou a vida dos usuários dos ônibus intermunicipais em Sorocaba. Os pontos de embarque ficaram cheios de passageiros à espera do retorno dos veículos às ruas.
A administradora Bruna Moura, 20 anos, mora em Sorocaba e trabalha em São Roque. Ela chegou às 6h40 ao ponto situado na rua Leopoldo Machado, ao lado do terminal São Paulo, e foi avisada por telefone pela mãe a respeito do protesto dos motoristas. “O meu chefe falou que, se demorar muito, não precisarei ir trabalhar”, conta.
O mesmo problema foi vivido pelo estoquista Marco Antonio de Carvalho, 19, cujo destino é Porto Feliz. Ele pega o ônibus intermunicipal diariamente ao lado da rodoviária de Sorocaba e soube da paralisação no local. De lá, ele caminhou até o terminal São Paulo para aguardar o retorno dos veículos. “O jeito é esperar”, conta.
Já o segurança Eliseu Lopes, 40, saiu do trabalho em Sorocaba no período da noite e se deparou com os ônibus fora de circulação. Ele aguardou na rua Leopoldo Machado a volta dos veículos às ruas para retornar para Votorantim. “Táxi não dá para pegar porque fica caro”, diz.
Em Salto de Pirapora, a técnica em enfermagem Maria das Graças Pereira, 47, chegou às 5h ao ponto localizado perto da rodoviária do município. No local, soube da paralisação, voltou para casa e retornou ao local de embarque às 8h na esperança de reencontrar os ônibus nas ruas.
Maria das Graças trabalha na Vila dos Velhinhos, em Sorocaba, em turno de 12 horas. Com o atraso, o técnico em enfermagem de plantão precisou estender o horário para atender a demanda.
Também em Salto de Pirapora, a cuidadora de idosos Lurdes dos Santos, 60, foi pela manhã ao ponto ciente da paralisação dos ônibus intermunicipais. Precavida, ela já havia avisado o patrão que chegaria mais tarde ao trabalho.