Após processo administrativo a universidade, por meio de uma comissão disciplinar, puniu nove alunos com 45 dias de suspensão
Estudantes da Universidade de Sorocaba (Uniso) – dirigida pelo reitor Fernando de Sá Del Fiol – que ocuparam a antessala da reitoria durante protesto contra o aumento da mensalidade correm o risco de perderem programas como o Prouni (Programa Universidade para Todos) e o Fies (Financiamento Estudantil), além de bolsa de iniciação científica.
Após processo administrativo a universidade, por meio de uma comissão disciplinar, puniu nove alunos com 45 dias de suspensão. O presidente do DCE (Diretório Central de Estudantes), Gabriel Soares, afirma que o Prouni estipula um limite para faltas e que se não houver acordo os estudantes serão prejudicados.
No final de maio, quatro dos suspensos conseguiram liminar na Justiça para voltarem às salas de aula, que deve acontecer no próximo dia 10. Mas Soares explica que a liminar reduz parcialmente o tempo de suspensão para o limite de faltas permitido pelo Prouni (21), “a intenção do juiz foi a de que os alunos não perdessem o semestre, mas acontece que todos já têm pelo menos uma falta”. Ou seja, os estudantes acabariam de qualquer forma fora do programa e com isso, impossibilitados de cursar uma faculdade.
De acordo com Soares a luta é jurídica porque assim foi posto para eles, “mas estamos abertos a um acordo extra-judicial, para que os estudantes que dependem do Prouni não percam a possibilidade de poder freqüentar a faculdade”.
Pelo direito à manifestação
O estudante Yuri Talacimon tem contrato integral com o Fies (Financiamento estudantil) e tem que ter, pelo menos, 75% de aproveitamento das disciplinas do curso – jornalismo. “Antes da ocupação foram feitas várias assembleias com os alunos e a Uniso nunca se manifestou”, relata o estudante que se surpreende com a intransigência da instituição de ensino.
Em resposta, a assessoria de comunicação da Uniso diz que “após a análise cuidadosa das imagens da invasão, foram identificados os alunos que tiveram participação ativa no ato ilegal praticado pelo Diretório Central dos Estudantes. Instauradas e processadas as comissões disciplinares, durante os trabalhos os próprios alunos indicaram outros tantos que lideraram e articularam o movimento. Diante disso, outras comissões já foram constituídas para apuração das responsabilidades. Não se trata de um trabalho concluído. Ressaltamos ainda que os trabalhos das comissões foram pautados, desde a sua deliberação para constituição, por amplo debate democrático, com atuação direta do Conselho Universitário, bem como sendo aplicado o devido processo legal, com ampla possibilidade de defesa”.
Há ainda mais seis estudantes que estão aguardando o processo administrativo. O presidente do DCE ressalta que essa suspensão impede a conclusão do semestre, afastando os estudantes da universidade e que a comissão formada “não é democrática, pois envolve a Uniso que é parte no processo e ela que escolheu a composição da mesma”.
O estudante diz ainda que o diretório do DCE foi eleito por escolha dos estudantes e que foram feitas assembleias para decidir sobre os rumos do protesto – entre 17 e 19 de março deste ano – “em todos os períodos de aula e envolvendo os dois campus, com mais de 300 estudantes em cada assembleia”.
Apoio
Os estudantes estão recebendo apoio de diversas entidades e instituições como a Apeoesp, CUT, União Estadual de Estudantes, assim como estão buscando apoio entre vereadores da cidade e também deputados da Assembleia Legislativa.
