A prisão de um sorocabano, proprietário de uma casa de câmbio, acusado de ter empresas de fachada na Flórida, EUA, para lavagem de dinheiro, levantou o questionamento do cientista político e professor de jornalismo, João José Negrão, sobre a forma de divulgação das informações dessas operações.
Omitir os nomes de envolvidos em operações da Polícia Federal é assertivo o que não pode é ter dois pesos e duas medidas, na análise do cientista político João José Negrão. Ele explica que no caso da Operação Lava Jato vazam informações de pessoas que são acusadas nas delações premiadas, mas sem comprovações.
Negrão afirma que, de fato, é uma prática comum não divulgar os nomes dos envolvidos durante a investigação. “Evita-se a divulgação por causa dos inquéritos em andamento, porque essa informação pode significar fuga, deslocamento de dinheiro, etc. Eu acho que isso faz parte dos processos da Polícia Federal”, afirma.
Por outro lado, Negrão destaca que nem todas as operações são assim e compara com a da Lava Jato, que apura esquema de lavagem de dinheiro e evasão de divisas envolvendo a suspeita de ligações com políticos e ex-dirigentes da Petrobras.
Nesse caso, na visão dele, ocorre um vazamento seletivo de informações por parte das próprias fontes para a imprensa. Ou seja, por parte dos órgãos como Ministério Público e Polícia Federal. “No caso do Lava Jato é muito mais vazamento do que jornalismo investigativo”, ressalta.
O que está em risco? Além do prejuízo à vida pessoal de cada um dos citados, com as especulações midiáticas, cria-se também um clima de perseguição política.
Cuidados na apuração
Negrão acredita que um Estado mais transparente interessa a todos, “o que não pode acontecer é da repercussão dessas operações ficarem apenas na luta partidária”.
Um dos casos no qual a imprensa teve que recuar após a divulgação de nome é a do Guilherme Estrella, ex-diretor da Petrobras, considerado o “pai do pré-sal”. Ele chegou a ser citado como acusado pelo Jornal Nacional, na Globo, mas sem nenhum embasamento. Por essa falha, que a Globo confirmou ser de edição e na voz do apresentador William Bonner pediu desculpas.