Conforme já vinha sendo comentado há meses por lideranças sindicais e economistas que têm visão social, as especulações pré-eleitorais, os boatos, os vazamentos de informações não comprovadas e as tentativas de desmoralizar o governo de Dilma Rousseff estão afetando diretamente as negociações salariais dos trabalhadores, especialmente dos metalúrgicos.
Os patrões não iriam perder a oportunidade de pegar carona nas incertezas eleitorais para nos negar bons reajustes salariais e quaisquer avanços nas cláusulas sociais da categoria.
Desde o primeiro governo do metalúrgico Lula, nossa categoria vem conquistando reajustes acima da inflação todos os anos. Mesmo no auge da crise internacional, entre 2008 e 2009, garantimos esse avanço. Nos três primeiros anos de mandato da presidenta Dilma, essa conquista se manteve.
Agora, com as proximidades das eleições, com as “ondas” de preferência do eleitorado colhidas por institutos de pesquisa e amplamente comentadas pela mídia tradicional; e, principalmente, com os cenários catastróficos pintados pela oposição, os patrões metalúrgicos decidiram empurrar as negociações com a barriga.
Os cenários pessimistas tendem a passar logo depois das eleições; mas o resultado das urnas vai durar quatro anos. Os patrões sabem disso e pagam para ver qual será a reação dos trabalhadores ao negarem avanços após 12 anos de conquistas para a categoria metalúrgica e para outros setores produtivos da sociedade.
Conforme afirmou recentemente o presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Luiz Moan, as perspectivas futuras de mercado são boas, mas a economia anda “contaminada” com as especulações pessimistas.
Não se iludam. A maioria dos empresários tem um projeto coletivo de poder. Para eles, não basta crescer como cresceram nos últimos anos. Eles querem mais. Querem a desregulamentação do trabalho. Querem a flexibilização dos direitos trabalhistas. Com o PT na presidência, eles bateram recordes de produção, mas não atingiram essa meta, que é reduzir o valor da mão-de-obra.
Alguns candidatos que concorrem nas eleições deste ano estão a postos para atender esses anseios dos empresários, em prejuízo dos interesses dos trabalhadores. Por isso, todo cuidado é pouco.
Os impasses e a queda de braço nesta campanha salarial dos metalúrgicos são como um teste aplicado pela organização empresarial. A lógica deles é: com todas as atenções voltadas para os ataques constantes ao governo que eles apoiam, vamos oferecer reajustes abaixo da inflação para ver se eles topam…
Pois bem, o SMetal e a FEM/CUT aceitam o desafio. Vamos conclamar os trabalhadores a lutarem até o fim por avanços nesta campanha salarial, mesmo que a batalha dure até depois das eleições; e ainda mais forte do que agora, se eles insistirem em tentar nos enrolar.