Esportes

Mesmo sem patrocínio, atleta local leva o nome de Sorocaba para o mundo

Fabiana dos Santos, atleta de Bobsled planeja participar dos Jogos Olímpicos no Rio de Janeiro, em 2016

Imprensa SMetal
Foguinho/SMetal
Fabiana com a mãe Irene Alves dos Santos, no Vitória Régia

Fabiana com a mãe Irene Alves dos Santos, no Vitória Régia

Após nove meses fora do Brasil, a atleta Fabiana dos Santos, 30 anos, primeira e única mulher brasileira a pilotar o trenó de Bobsled – modalidade esportiva que se corre numa rampa sinuosa e estreira – retorna ao seu lar no Vitória Régia, zona norte da cidade.

Ela esteve nos Jogos de Inverno, em Sochi, na Rússia, junto com sua parceira de treinos e competições, Larissa Antunes, que é de Marília (SP). Fabiana voltou para Sorocaba na sexta-feira, 28.

A atleta nasceu em Santo André (SP), mas mudou-se com a família para Sorocaba há 10 anos e faz história nas modalidades esportivas que representa. Em entrevista ao SMetal ela conta como começou sua carreira no esporte, expõe sua determinação e luta constantes para se manter como atleta, mesmo sem patrocínios, e comenta sobre suas expectativas e metas, como participar das Olimpíadas em 2016.

“Desde pequena eu e minhas irmãs (Adriana, 29, e Juliana, 31) praticamos esportes. Comecei na ginástica olímpica, no Sesi de Santo André, após ver minha irmã ganhar a primeira medalha”, conta Fabiana.
Com bons resultados – e após 12 anos de dedicação à ginástica- Fabiana recebeu o convite para participar da equipe nacional de atletismo. Após menos de um ano de treino ela já estava representando o Brasil. A atleta moradora de Sorocaba foi campeã juvenil em 2002 e campeã brasileira sub-23 em 2004 e 2005, no lançamento de martelo.

“Em 2003, a Confederação Brasileira dos Desportos no Gelo (CBDG) me convidou para participar da modalidade Bobsled. Fui para o Canadá fazer um treino, em seguida para a Alemanha para participar de uma competição, voltei ao Brasil e segui para a Áustria, no mesmo ano, para fazer curso de pilotagem”, explica.

Por ser um esporte que exige condições especiais e segue um cronograma muito específico, Fabiana dedicou-se também ao levantamento de peso, além do Bobsled. Nessa nova modalidade ela foi campeã brasileira por três anos seguidos (2006, 2007 e 2008) e alcançou a quinta colocação nos Jogos Pan-Americanos Rio 2007, na categoria 69kg.

Rio de Janeiro, 2016

O trenó utilizado pela equipe feminina brasileira de Bobsled pesa 185 quilos e fica no Canadá, pois no Brasil não há local para treino. Para se preparar para os Jogos de Inverno da Rússia, Fabiana passou uma temporada de quatro meses na cidade de Calgary, Canadá. “Fui em junho do ano passado, quando teve um período de muitas chuvas e algumas cidades [do Canadá] tiveram que ser evacuadas”, conta.

Como no Brasil é impossível fazer treinos específicos para o Bobsled, a atleta treina força e velocidade.
Ela acaba de chegar em Sorocaba, mas já está em contato com seu ex-treinador de levantamento de peso, Edmilson Dantas, de São Paulo, para retornar os treinos e ter a chance de participar das Olimpíadas de 2016.

Visto que a próxima temporada de Bobsled será apenas em outubro, ainda sem local definido, Fabiana terá bastante tempo para se dedicar à modalidade olímpica.

Incentivo dos pais

Num país onde os espaços midiáticos para os esportes são dedicados quase 100% ao futebol é difícil imaginar como pode sobreviver um atleta de esportes no gelo. A carreira de Fabiana deve-se ao esforço da atleta e ao apoio de seus pais – a mãe é diarista e o pai, porteiro – que sempre a apoiaram, apesar das dificuldades encontradas pelo caminho.

“Com cinco anos levei minha filha mais velha, Juliana, para a ginástica olímpica. Ela era muito destemida e vivia aprontando, subindo e se arriscando. Depois Fabiana quis treinar também. Mas, ela morria de medo de tudo, não descia nem uma escada sozinha. E hoje, você a vê num esporte tão arriscado como o Bobsled”, conta a mãe Irene Alves dos Santos, 50.

Fabiana diz que nunca fez um esporte apenas “por fazer”. “Eu sempre traço meus objetivos, minhas metas, não consigo apenas praticar por hobby”, conta. Ela sempre entra numa modalidade consciente de seus riscos.

“Tento sempre buscar meio para me manter. Por isso, farei o possível para competir no Rio de Janeiro e para ir aos Jogos de Inverno, em 2018, na Coréia, onde pretendo encerrar minha carreira”.

Tensão

“É como um carrinho de rolemã, mas com o controle totalmente nas mãos, os pés ficam fixos”, explica Fabiana sobre a modalidade.

O coração de dona Irene fica apertado ao ver a filha se arriscar num esporte como o Bobsled, dentro de um trenó que atinge cerca de 120 quilômetros por hora. Em Sochi, na Rússia a pista tinha 17 curvas em 1.800 metros. Fabiana fez a descida em 59 segundos.

“Não vejo como comparar os esportes, acho que todos têm seus riscos específicos, mas não fico pensando nisso. No Bobsled mesmo a gente não tem tempo para pensar. Tem que conhecer a pista, fazer bem a visualização e ter muita concentração para não dar chance para qualquer erro”.

Em 2011, Fabiana sofreu um grave acidente com o trenó, na Alemanha, ficou uma semana internada, durante uma etapa da Copa do Mundo, mas conseguiu superar e até esquecer.
Enquanto Fabiana esteve fora do país, nessa temporada de treinos para os Jogos de Inverno 2014, a comunicação com a família foi feita por meio de Skype. “Eu levantava às 4h para fazer o café da manhã do marido e aproveitava para falar com ela”, diz Irene.

Questionada se há algum esporte que tem vontade de ser convidada a praticar a atleta diz que já tentou se arriscar no box, mas foi durante o período que cursava educação física, na Faculdade Ítalo-Brasileira, em São Paulo. Apesar de ter tido bolsa de estudo ela não concluiu a graduação (2006 a 2008) por causa da agenda de treinos.

“Mas deixei de treinar box por causa da preocupação do meu pai”, ressalta.

Homenagem

Nesta quinta-feira, dia 6, no final da 9ª sessão ordinária da Câmara Municipal de Sorocaba, a atleta Fabiana dos Santos será homenageada, pela Casa, por solicitação do vereador Waldecir Morelli (PRP), que preside a Comissão de Esportes do legislativo.

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